sexta-feira, 17 de abril de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 72


Em tempos tão ruins como estes,
Deixe que eu cante uma outra última vez,
Como um pássaro sozinho num galho
Ou como uma cigarra até arrebentar...
Não prometo lhe falar coisas bonitas,
Mas as mais sinceras possíveis...
Eu que sempre estive sozinho,
Agora me sinto mais ainda,
As sombras passam por mim,
Sou um cão sem dono andando na rua...
Faltarão luas cheias para poder uivar
E as tempestades tomarão o seu lugar?
Em tempos tão ruins como estes,
Ainda assim eu estou aqui...

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Silêncio sobre a cidade...
Silêncio em mim...
Com todas as reticências
possíveis e imagináveis...
Um velho quadro
esquecido 
em uma velha parede...
A tinta descascou...
O emboço vai caindo...
Silêncio sobre a cidade...
Silêncio em mim...
Com todas as absurdidades
que afinal continuam...
Uma velha revista
jogada
em um triste canto...
As páginas amarelaram...
Quanta gente morreu..
.Mas continuam sorrindo...
Silêncio sobre a cidade...
Silêncio em mim...

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O começo do final
ou o final do começo?
A tristeza em pequenos pedaços
farelos de pão pela mesa...

O fim da festa
ou a festa do fim?
A desilusão em certeiras gotas
como um veneno mortal...

A solidão acompanhada
ou a companhia solitária?
Ando em cheias ruas
mas não vejo ninguém...

O amor do ódio
ou o ódio amoroso?
Eu sou a própria mira
e morrerei com meus encantos...

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Um cigarro após o outro
as minhas preocupações cheias de tédio
Matar-se é dar mil tiros
até que um ricochetei e nos pegue...
Um café atrás do outro
a cafeína é apenas minha válvula de escape
para que não me enlouqueça de vez
como existem muitos por aí...
Um gole depois de mais um
quem sabe eu tenho a sorte
e te esquecer de uma vez
e nem mais lembrar qual é o teu nome?

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Eu participo da sujeira do mundo
como qualquer um outro
Eu também faço minhas maldades
mesmo sendo às vezes a vítima
Eu também já desamei
como quem não se importa em magoar
Anjo ou demônio?
Apenas um indeciso que varia
de segundo para segundo
Uma sombra fugidia que acabou
de passar na frente de um espelho quebrado
Desconheço aquilo que me espera
mas talvez Deus tenha certa piedade
porque todos os poetas sofrem mais...

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Aponto o revólver descarregado
para a minha cabeça
Matar-me seria apenas mais 
um desastre mal pensado...
A vida já é uma roleta-russa
em que só uma bala do tambor
acabou sendo retirada...
Pra que me matar
se a morte é mais que certa?

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Estou sentado nas nuvens
mesmo estando deitado no chão.
Fico pensando em meus sonhos
mesmo em meio ao barulho
desta cidade triste e infeliz.
Consigo tirar pelo menos um pouco
do encanto que sobrou depois do fim.
Nada se aniquila completamente,
as lembranças são quase indestrutíveis,
até o suspiro disfarçado de quem ama
foi testemunhado por todo Universo...

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