As ruas de teus pés sempre sempre
Os muros não serão mais os mesmos
O primeiro carnaval passou sem teus cabelos de Iara
Meu Deus! Meu Deus! Até quando?
Os teus disparates não serão mais ouvidos
O choro conhecido de poucos não lavará mais teu rosto
Não mais me falaras segredos de mais ninguém
Meu Deus! Meu Deus! Até quando?
Pelas paredes do quarto ainda convives
O teu cheiro pelo ar ainda é vivo
Não dormirás mais abraçado com o urso Popy
Meu Deus! Meu Deus! Até quando?
Não falaremos mais de peixes e lendas
Não me pedirás mais um cigarro quando passares
Tinhas tantos amigos e poucos te amaram
Meu Deus! Meu Deus! Até quando?
Os teus chorarão por ti e eu me juntarei com eles
Que pare o sol! Hoje não haverá mais dia!
Vestiremos os lutos mais multicores possíveis
Pintaremos nossos rostos com as estrelas
Empunharemos os pavilhões de mil desatinos
E fazendo a coreografia mais obscena possível
Derrubaremos os muros desta cidade de parabólicas
Ódio e desprezo aos vossos ídolos
Fodam-se as vossas convenções
Ainda temos a alegria como herança
E dela nunca abriremos mão!
Sinceras serão as nossas palavras
E mais sinceras ainda nossas intenções!
Como um ladrão no meio da noite
Roubarei de todos alheios olhos
Uma história bonita que não aconteceu...
Meu Deus! Meu Deus! Até quando?
Maldito seja quem matou meu menino!
(Para Fabiano de Campos Corrêa - in memorian).
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