Não há poesia no que os homens querem
As guerras o choro e as pragas
Não há poesia nas carnes que se ferem
No sangue na dor nas chagas
Nos jogos de azar que se preferem
E o que isso custa as pagas
Nem os mandos que na tela se referem
Com suas promessas vagas
Não há poesia na flor que foi pisada
Arrancada do pé se mal cresceu
Não há poesia na criança abortada
Uma esperança que não nasceu
Nem há numa história mal contada
Com um final que não convenceu
Essa é a migalha que foi jogada
Mas nem essa o bicho comeu
Não há poesia na pele vendida
Onde existem muitas cicatrizes
Nem na amizade que foi traída
Em troca de finais felizes
Se a carpideira teve missão cumprida
Ou se me amaram tantas meretrizes
Se a mente está por ora distraída
E tanto acontece sob os narizes
Não há poesia na fome que cresce
Que é vil e mesquinha não há poesia
Nem na esperança que envelhece
Não vendo mais chegar o dia
Mas mesmo assim tudo merece
O novo o bom e sua alegria
Cabe à cada um fazer uma prece
Mas afinal quem faria?
Não há poesia não há poesia...
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