sexta-feira, 7 de setembro de 2012

De Certa Forma

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De certa forma. De forma certa. Sem tempo ou norma. O que importa. Aquela porta. De porta aberta. E a distância. Sem importância. E que se ame. Sem ter alerta.
De certo jeito. Escrevo versos. Estão no peito. Não são dispersos. E nesta saudade. Que é sem idade. Meus sonhos brancos menos perversos. Irão aos passos. Tua cidade. Felicidade. Feliz cidade. Feliz idade.
Há muito tempo. Quando o próprio tempo a si mesmo não se media. E as fotos preto-e-branco eram normais. Eu sentia no ar um cheiro de coisas. E tudo tinha cheiro. O mar. O cinema. E o parque. E a própria vida. E a própria morte.
Há muito tempo. Quando as revistas vinham com rostos bonitos. E inocentes bobagens. E os decalques colados em geladeiras e paredes falavam de realidades paralelas. Liguem o rádio. Escutem notícias. Chorem por amores em outras terras. Saibam das últimas da ciência moderna que nos levará aos ares. E se masturbem com folhetins.
De certa forma. Felizes por tudo. Felizes por nada. Em frente à nova tela preta e branca que traz o mundo. Que lava o mundo. Que salva o mundo. Que anima o mundo. Com velhas fórmulas filosofais. Me dê licença. Salve sua banda. Quero as bandeiras dos meus quintais. Eu quero é mais. Eu quero é mais.
E aqui cheguei. Um velho torto. Um velho porto. Um velho morto. Que respira ainda. E neste respiro sabe coisas que nunca soube.

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