terça-feira, 4 de setembro de 2012

Bem Vindos ao Jardim


Bem vindos ao jardim dos horrores
Onde não há platéia e só há atores
Onde numa briga ensandecida
Trocamos nossa honra por um tostão
E o que afinal chamamos vida
Vale bem menos do que um pão

Bem vindos ao jardim dos horrores
Onde não há alegria e só há dores
Onde numa sina envilecida
Tudo em torno só nos diz não
E o que afinal chamamos vida
É somente a morte à prestação

Bem vindos ao jardim do horrores
Onde só há pedras e não há flores
Onde numa treva escondida
Vive calada a nossa emoção
E o que afinal chamamos vida
É um carro indo na contramão

Bem vindos ao jardim dos horrores
Onde só há tristezas e seus rumores
Onde numa moral carcomida
Tentamos fazer algo em vão
E o que afinal chamamos vida
É a infelicidade desde Adão

Bem vindos ao jardim dos horrores
Onde só há miasmas e seus odores
Onde sob uma pressão incontida
Queremos aprender a lição
E o que afinal chamamos vida
Escapa e esparrama pelo chão

Bem vindo ao jardim dos horrores
Onde há sussurros e há clamores
Onde a piedade é só fingida
E o final é pior do que de João
E o que afinal chamamos vida
É o que nos restou da traição

Bem vindos ao jardim dos horrores
Onde só fome e suas cores
Onde numa briga enfurecida
Trocamos nossa honra por um pão
E o que afinal chamamos vida
Vale bem menos que um tostão

Bem vindos ao jardim dos horrores
Podem ficar à vontade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...