Outra velha roupa colorida. Se Belchior me permite imitar. De cores quentes como a vida. Mesmo se a vida quiser me matar. Outra roupa e a mesma voz. O que há em nós. Com a mesma voz hei de cantar. O que eu sonho ou o que me persegue. Triste ou alegre. E que um dia há de alcançar. As tonalidades e os tons. Alguns maus e outros bons. São o que tenho. Outros não há. E as vezes venho. Sem me encontrar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior me deixar usar. Me leve a mal. São as cores do meu carnaval. Mesmo sabendo que ele vai se acabar. Mas por enquanto. Ainda existe um canto. Do meu quintal. Que é pra eu brincar. Então brinquemos. Nós já esquecemos. O que é chorar. É o que mais temos. Sem que precisemos. Nos desesperar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior não se importa. É só emoção incontida. E amanhã fechou-se a porta. Poucos lerão. Poucos verão. Não é verão. E Inês é morta. São letras de um otário. Pobre e ordinário. Que teimar gritar. Que nem sabe se sabe. Mas que no peito nem cabe. O que devia guardar. E mesmo que a ponte desabe. Não há mais jeito de recuar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior não se irritar. Uma roupa grande e sem medida. Curta ou comprida. Quem saberá? Quem saberá ao certo. Se longe ou perto. Em qual deserto. Meu amor está. Ou pelo menos estaria. Se existiu um dia. Ou foi mania. Pra me enganar.
Outra velha roupa colorida...
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