domingo, 30 de setembro de 2012

Fogueira, Queira ou Não Queira


Queira ou não queira.
O amor é fogueira.
Pois nos queima o amor.
Sempre é com dor.
Por mais que diga não.
Pergunte ao coração.
O amor é eterna fome.
Que tudo consome.
Mesmo em frases banais.
Sem paz mesmo na paz.
Ele te exige carinho.
Nunca o deixe sozinho.
Sempre lhe dê atenção.
Encha teu coração.
Cuidado senão estraga.
Todo fogo se apaga.
O amor é fogueira.
Queira ou não queira...

No Fim


No fim da noite...
Solitário vou andando aos poucos.
É hora de dormir.
Meu sono será dos loucos.
Os loucos em seus desvarios.
Os que sonharam um carnaval.
Onde o amor aparecia.
Não apareceu e me fez mal...
Doem-me os pés.
A rua está deserta.
Havia folia.
Mas minha tristeza desperta.
Ela me olha surpresa.
Onde foi que não me avisou?
Quando sair me avisa.
Me avisa que eu vou...
Espera o próximo ano.
Espera outro dia.
Eu te chamo minha tristeza.
Não convido mais a alegria...

Engano


Ano após ano
Engano
Te atrapalha a vista
Conquista
Te atrapalha a audição
Condição
Te atrapalha o tato
Contato
Te atrapalha o cheiro
Primeiro
Te atrapalha a moda
Que foda
Te atrapalha a ética
Patética
Te atrapalha o poder
Não ter
Te atrapalha a política
Estatística
Te atrapalha a fantasia
De mais um dia

Ano após ano
Profano
Te atrapalha a vista
Revista
Te atrapalha a audição
Por que não?
Te atrapalha o tato
É fato
Te atrapalha o cheiro
Dinheiro
Te atrapalha a moda
Recorda
Te atrapalha a ética
Estética
Te atrapalha o poder
Dever
Te atrapalha a política
Raquítica
Te atrapalha a fantasia
De mais um dia...

Jogos de Guerra

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Jogos feitos no dia-a-dia
Jogos de vida jogos normais
De tristezas e de alegria
Pelas manchetes dos jornais

Exibidos pela grande tela
Espalhados pelos quintais
A vida imitando a novela
A fome querendo mais

Jogos em cada canto
Com suas normas fatais
É a surpresa nosso espanto
Em esperar jamais

Engolidos um a um
Como com ondas do cais
Uma falsa e incomum
Baseada no tanto faz

Jogos que não jogamos
Jogos pra frente e pra trás
Nós amamos nós odiamos
Escondido na manga o ás

Vamos parar com o jogo
Vamos pedir o que apraz
Jogar a água no fogo
Fazer novos jogos de paz..

Uns Versos, Uns cantos, Sem Mais Nada


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Foram uns versos interminados
Que não consegui escrever
Não sei se mal inspirados
Ou foram o choro que não quis ter

Foram uns versos mal feitos
Versos tortos versos tristonhos
Com os mesmos defeitos
Mas mesmo assim eram sonhos

Eram cantos que eu calei
E eu continuei de boca calada
Estão onde eu os joguei
Talvez esperando por nada

Mesmo assim pesa a consciência
De pelo menos algo falar
Se são feios em sua essência
Também me fazem chorar

Porque choro hoje e amanhã
Mesmo quando parar eu tento
São versos em sua tentativa vã
Como quem quer parar o vento...

Só isso...

Poema de Um Dia Qualquer

Foi um dia. Mais um dia. Como são todos. Chegam. Ficam. E vão embora. Mas cada um é único. Cada um tem sua marca. E na sua igualdade aparente se sucedem. Ame o dia. Cada um deles que pôde viver e até sonhar. Coma o dia. Beba o dia. Faça dele teu amante e confidente. Faça que ele penetre por teus poros. Circule pelo sangue. Se fixe nos teus ossos. Outro desse não terá. Goze ele. Goze nele. Goze com ele. Com quaisquer emoções que puder usar. Emoções raras. Emoções baratas. A não-emoção que pode se transformar em alguma se assim o quiser. De qualquer forma ele se irá. Mas permanecerá com suas várias marcas. Foi o amante que veio beijar tua boca e depois deu um adeus. Foi o aventureiro que veio te contar histórias e não te contou o final. Foi o programa de televisão que distraiu tua atenção. Ou foi apenas o comercial que fez a mesma coisa. Foi um dia. Mais um dia. Como são todos. Em que muitos nasceram e muitos morreram. Em que guerras acabaram e outras foram declaradas. E acontecem contos de fadas reais. Eu também o vivo. E hoje como sempre os corredores me chamam. Os antigos corredores em que se repetem eternos passos. Os mesmos passos de meninas e meninos. Os mesmos passos que sorriem por si mesmos. Os passos lentos e os rápidos passos. Sem preocupação com a óbvia eternidade. Nem sempre a permanência se mostra. E muitas vezes se disfarça em seu oposto. Vivamos além das ruínas! Sem soluços e sem soluções. Não há tempo para isso. Todo enigma por si basta. Só o faraó tem calma. E no alto dessas pirâmides quarenta segundos nos contemplam. Mais do que isso talvez não. São justas medidas. O rei morreu. Viva o rei! A manchete de hoje. Foi um dia. Mais um dia. Orai por ele...

São Números

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A distância da rua
A insistência da tua
A influência da lua
São números! Apenas números!

O momento certo

O elemento desperto
O sacramento incerto
São números! Apenas números!

O canto matinal

O espanto normal
O banto global
São números! Apenas números!

A sinfonia calada

A picardia guardada
A folia inesperada
São números! Apenas números!

A beleza aparente

A certeza serpente
A nobreza doente
São números! Apenas números!

O Deus exclusivo

O adeus conclusivo
O meu decisivo
São números! Apenas números!

A ética avessa

A fonética travessa
A cibernética cabeça
São números! Apenas números!

A multidão perdida

A solidão sentida
A emoção doída
São números! Apenas números!

O terno de encomenda

O inferno da lenda
O moderno à venda
São números! Apenas números!

O refrigerante salutar

O beligerante amar
O interessante cantar
São números! Apenas números!

A dança das cadeiras

A esperança das besteiras
A trança das cabeleiras
São números! Apenas números!

O oxigênio esquálido

O gênio válido
O proscênio pálido
São números! Apenas números!

Nada à declarar

Espada pra matar
Amada pra amar
São números! Apenas números...

sábado, 29 de setembro de 2012

Flores de Fogo


As flores de fogo queimam. Mas hão sempre de enfeitar. Hão de sempre dar seu perfume. Como ninguém há mais de dar. Hão de dar sua própria vida. Por alguém hão de murchar. Mesmo quando não lhe conheçam. Isso não há de importar. Isso sempre acontece. Não importa o lugar. Crescem em qualquer parte. Até no fundo do mar. Até onde só há pedras. Ali também hão de brotar. Agradam ao coração. Mas também agradam ao olhar. Não possuem estação. O tempo é o melhor que há. São feitas de todas as cores. Uma aquarela sem par. Escolha qual é a cor. E assim é que será. Essa será sua prenda. Para quem mais for amar. Só não deixe que ela queime. Porque elas podem queimar. São feitas mesmo de fogo. E ele não pode apagar. É fogo que tudo consome. Mas nunca vai terminar. É o mesmo da alegria. Da festa que vai começar. Da ciranda e do riso. Que também arde no lar. Que ilumina as noites. Que tudo vai clarear. Fazem subir os balões. Porque aquecem o ar. Me deixem junto com as minhas. Até que me corpo consuma. E minh'alma se libertar. Então serei uma delas. Estrela com seu brilhar...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Foram Outras Bandeiras

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Foram outras bandeiras um dia
Essas não voltam mais
Foram tuas foram minhas
Em outros dias de paz
Antes que um dia chegasse
Um dia sem vento nem hora
Que nem nos despedimos
E você foi embora
Sem choro sem flores
E depois é que fui chorando
Foi um dia sem vento
Que você foi voando
Voando entre as bandeiras
Passando sobre essa rua
Num sono triste forçado
Com uma tristeza nua
Foram outras bandeiras um dia
De outra cor outro tom
E só posso dizer como ontem:
Adeus meu anjo bom...


Teoria da Contradição


Não só em palavras me faço. Mas as usarei como artifício engenhoso para dizer o que não dá pra dizer. Tudo que falo era o que não queria falar. Mas coloco gravados em pedra meus erros mais banais. Não sei quais são as cores e eu colorizo. Não sei quais são as dores e prescrevo os remédios que não preciso. Nada em mim se transforma e eu não mais vejo. Tudo é sorte. Tudo é norte. É o periquito do realejo. A canção banal. Assobiada entre os dentes. É a mente. Tão somente. Por que mentes? Quando diz que gosta de mim. Não foi assim. Sem princípio. Logo no fim. Flores sem jardim. Espalho versos deveras sem utilidade. Não é novidade. Não há nova idade. Só peso e vontade. Vera inverdade. As frases ora diminuem e ora aumentam. Mas se sustentam. Na macia cama do ar. Por que será? E sem explicar. A dor aumenta e os passos também. Não há mais pausas. Só o meu bem. Meu bem querer. Meu bem me quer. É e não é. Eu contradigo o que digo. As vezes consigo. E prossigo. E as vezes não. A contradição. É a condição. De viver em qualquer parte. Em qualquer arte. A obra ruim de um autor famoso. Estava desgostoso. Estava sem idéia. Mas tinha platéia. Tinha bastante palma. Só faltava a alma. Era dia de descanso. Era um rio manso. Sem impulso pra canoa. Doa que doa. Nada foge deste conceito. Torto ou direito. Quero teu peito. Quero tua graça. Tua pirraça. Nem bem disfarça. Por entre a massa. Isso é trapaça. Fugir enquanto eu nem olhava. Mas te amava. Com todos os suspiros. Rosas e tiros. E eu nem prefiro. Quem canta. Seus ares espanta. Nada novidade. É tudo o que é. Desde a eterna idade. No campo ou na cidade. Calmaria e tempestade. Desde o velho erro. Folia ou enterro. Alugam-se carpideiras. Refalam de quaisquer maneiras. E o cigarro queimando. No cinzeiro me esperando. Politicamente incorreto. Ou somente secreto. Ou indiscreto. Como todo mundo deseja. Assim seja. As mocinhas de véu e grinalda. Bebês e anciões com fralda. E um final sem ter feito nada. Quando muito a tarefa executada. Eu não virei astro. Não deixarei rastro. Nada fiz de bom e nem de mal. Joguei bola no quintal. Alcancei a minha meta. Nem sei andar de bicicleta. Nem dar um teco na gude. Fiz o que pude. Me bateram na luz do dia. Não digo quem seria. Ou então só digo. Era meu amigo. O amigo que não esperou dar o troco. Num plano louco. Pedras e pedras ainda estão no caminho. Ando sozinho. Rosa e espinhos. Rosa ri por coisas engraçadas. São quase nadas. Nadas hoje e amanhã e em qualquer rotina. Rosa felina. Domingo não tem sabatina. Tem parafina. Tem muita esquina. Não só em palavras me faço. Aquele abraço. Sobrou espaço. 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Teoria da Química


A química às vezes funciona ao contrário. É extraordinário. E seu resultado dá certo. É o instante. Que segue adiante. Quando muito. Deixa um buraco aberto. É o beijo de quem é estranho. É o afago que cai no chão e apanho. E assanho. Sem tamanho. É a pele. É o que impele. Depois que gozou. Acabou. Mas deixa sem querer um caminho. É a rosa com espinho. É estar tudo junto. E depois do assunto. Estar sozinho. Mas ficou. Mais ficou. Um carinho. E ela não conhece recipiente. Serve gente. É o que precisa. Nem avisa. Tire logo. Essa camisa. Fica tudo numa boa. É pessoa. Lance iguais. Eu quero mais. Entrementes. Quero lances diferentes. São maiores. São melhores. Corpo e mente. A química não deixa pistas. Pobres alquimistas. Não é pedra filosofal. Só é pedra. E não há mal. É a velha revista guardada. Escondida. Pode ser malfalada. Mas é vida. Mas é sempre encantada. E multiplicada. Quanto mais. Dividida. Cínica. Cara-de-pau. Não faz mal. E em rimas eu me espanto. Com seu canto. Tudo mais. Tanto faz. Tentem explicar. Mas não dá. É a hora dos lobos. E das lobas. Na corte somos os bobos. Com mãos bobas. As mãos sentem fomes. E outros nomes. Que ao contar fico de outra cor. Me seduz. Meu amor. Apague essa luz. Na claridade não é tão legal. Me faz bem mal. Me seduz. Me faz o tal. Renascida pra vida. A bola é dividida. E o lance é perigoso. Mas tão gostoso. Que falem de amor. Quando me calo. Eu prefiro outra dor. Que é regalo. E se tudo acabar. É simples - paro. E nem reparo. Viva as promessas vãs. Pelos amanhãs. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Era Quase Dia


Era meio-dia. Era quase dia.
Era como carro bem na contramão.
Era quem sabia. Era alegria.
Era efeito oposto essa solidão.
Era samba-enredo com monotonia.
Era vela acesa na escuridão.
Era quase morte. E o que faria?
Não quero saber qual razão.
Acabou a festa. Acabou folia.
Não me assusta mais o não.
E eu ouço a tua melodia.
Ou será que foi uma visão?
Tava aqui no Rio. Tinha fantasia.
Não importava.Tinha o pé no chão.
Eu tava atento. A mente vazia.
Tava no sofá vendo televisão.
Falam de projetos e de harmonia.
Falam de remédios e de solução.
Só não me dizem quem acreditaria.
Era tudo farsa. Era ilusão.
Era pouco. Pouco o que eu pedia.
Talvez outro louco me desse a mão.
Tu me dando um beijo minha vadia.
Tu me enganando. Falando em tesão.
Carros estacionados na calçada fria.
Eu impressionado com a multidão.
Era a manchete que eu mesmo leria.
Fui entrevistado. Foi a sensação.
Era meio-dia. Com certeza dia.
Eu cheguei cansado. Era exaustão.
Era quem sabia. Era alegria.
Quero fechar os olhos. Ver a escuridão...

domingo, 23 de setembro de 2012

Freud Não Explica


Freud não explica
Não tem explicação
O amor é bem vindo
E mata o coração
A mente funciona
E escapa a verdade
O desejo é satisfeito
E não há felicidade
A tecnologia chega
Pra cessar a vida
A fama é o desespero
De qualquer descida

Freud não explica

Não tem explicação
A bondade incomoda
Até na religião
Tudo mundo é correto
Quando está em casa
Mas surgindo a ocasião
A moral se atrasa
Porque dentro da tribo
Somos gatos pardos
Meu empreste o teu manto
Pra eu jogar os dardos

Freud não explica

Não tem explicação
Todo sábio abre a boca
Pra dizer seu não
E se imprimem letras
Pra expor besteiras
E nos fazem engolir
De várias maneiras
É muito legal ser escravo
É um importante cargo
Engula sua pílula
Esqueça o gosto amargo

Freud não explica

Não tem explicação
Cada um filosofa
Pelo seu milhão
Cada um tem seu segredo
Sua vontade secreta
E cada um um jeito
Pra tirar da reta
Cada um jura
Pela mãe mortinha
E passa seu ridículo
Sem perder a linha

Freud não explica

Não tem explicação
Nem ele se entende
E faz confusão
Eu já mamei no peito
E não quis gozar
Ficando rezando pra net
Não sair do ar
Fico pensando sempre
Mas nem sei quem sou
Se ele não explica
Quem explicou?...

Palavras Modernas 2

Imagem relacionada
constante inconstante
eterno instante
desinteresse interessante

beleza feia

solidez de areia
verdade e meia

poder impotente

animal gente
médico doente

mentira verdadeira

incerteza certeira
pesada poeira

exposição clandestina

masculino feminina
meio da esquina

novidade antiga

hostilidade amiga
leal intriga

política sincera

real quimera
domesticada fera

quadrado circular

imprevisto familiar
comum sem par

teatro sincero

dispenso e quero
descuido e esmero

frágil inquebrável

dependente sustentável
furacão domável

adorável carrasco

atrativo asco
vitorioso fiasco

religioso profano

assassino humano
carnaval cotidiano

esqueci o inesquecível

previ o imprevisível
acreditei no incrível...

Pequena Cena


Nunca será esquecido o encontro na esquina.
A grata surpresa em suaves cores.
A conversa disfarçando a emoção.
E tudo de bom que o coração sentiu.
Não guardei data alguma.
Talvez fosse mais para o fim do ano.
Que tinha sol eu até me lembro.
E eu teu sorriso foi como um feitiço.
Ou ainda mais - como um sonho bom.
Um sonho bom no meio da rua.
Um sonho bom entre os carros.
O barulho a poeira e mais mil coisas.
Mas foi como se a cena congelasse.
E a lente só tivesse apenas aquele foco.
Mesmo agora quando a distância atrapalha.
Sigo feliz guardando meu segredo.
Aquela cena foi minha! Foi minha!
E nem um tempo malvado poderá apagar...

Teoria da Eternidade

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Tudo é eterno. Tudo é terno. E versos só poderão ser lidos ontem ou amanhã. O hoje é a percepção distorcida. De toda uma vida. E nisso consiste sua existência. Não guarde mágoas pelo que perdeu. Nunca se perde. Não estar na frente dos olhos só significa que eles são cegos porque só enxergam o que querem. E isso sim. É o maior dos erros. O que está bem na frente é o que não se vê. Olhos fechados funcionam mais. Toda forma de julgamento erra e deveria ser julgada. As evidências confundem. Só os enigmas são claros. Não guarde culpas. Errar faz parte de um grande samba-enredo que desfila em sua avenida. Chorar faz parte da grande fantasia que se usa em todos os carnavais. Tudo é eterno. Tudo é terno. E mesmo quando as regras do jogo nos parecem brutais nada são. O mal é só a ausência do bem. Assim como a escuridão não pode enfrentar a luz. Toda sua tristeza acaba em segundos. Mas o riso permanece lembrado e de vez em quando volta. Os dias e as noites se sucedem. E mesmo quando o sol apagar haverão outras estrelas. Tudo respira. Tudo brinca. Uma inocente piada se repete milhares de vezes. Não há muito o que fazer senão existir. E existir significa sonhar sempre e sorrir. A beleza da flor já diz tudo. A flor que se viu nascer não morreu. Ela está lá ainda. Só trocou de lugar. Suas cores diferentes são uma ilusão. Só existe uma cor. Como também só uma raça. Só uma língua. Só uma forma de acreditar em só uma coisa. Não complique. Das complicações nascem a cegueira. E olhos cegos fazem tropeçar. Tudo é eterno. Tudo é terno. Nada erra. Nada consegue acertar. Moedas são como dados. Tem sempre muitos lados. E também gostam de enganar. As rimas às vezes saem do papel. E aí podem ser vistas. Caso contrário acaba faltando o sal. Não o sal da boca. Não o sal do rito. Mas o sal permanente que tempera tudo. Que transforma o banal. Que sacode a rotina. E que transforma gregos em troianos. Tudo é eterno. Tudo é terno. Não se preocupe. Não há morte. Não há vida para guardar. Ela mesma se guarda. Ela mesma não se acaba. Os epitáfios foram feitos de propósito para rir da nossa cara. As datas nada guardam. São contas como a gente aprende na escola. São números que podem ser alterados de acordo com o gosto do freguês. Nada acontece. Por isso acontece tudo. Nada permanece. Por isso permanece tudo. Tudo se inverte. Tudo tem um lado oculto que aparece mais. Não faça planos. Nem um minuto pode ser executado com precisão. Sempre se pensa e pensar é que causa aflição. Aquilo que é deve ser por ser. Tudo acontecerá quando e  como deve ser. Aos maus só sobra a espera do castigo. Os maus são pobres coitados que escolheram o amargo ao invés do doce. Tudo é eterno. Tudo é terno. Até os versos que escrevi me perseguirão sempre...

Não Há Poesia

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Não há poesia no que os homens querem
As guerras o choro e as pragas
Não há poesia nas carnes que se ferem
No sangue na dor nas chagas
Nos jogos de azar que se preferem
E o que isso custa as pagas
Nem os mandos que na tela se referem
Com suas promessas vagas

Não há poesia na flor que foi pisada

Arrancada do pé se mal cresceu
Não há poesia na criança abortada
Uma esperança que não nasceu
Nem há numa história mal contada
Com um final que não convenceu
Essa é a migalha que foi jogada
Mas nem essa o bicho comeu

Não há poesia na pele vendida

Onde existem muitas cicatrizes
Nem na amizade que foi traída
Em troca de finais felizes
Se a carpideira teve missão cumprida
Ou se me amaram tantas meretrizes
Se a mente está por ora distraída
E tanto acontece sob os narizes

Não há poesia na fome que cresce

Que é vil e mesquinha não há poesia
Nem na esperança que envelhece
Não vendo mais chegar o dia
Mas mesmo assim tudo merece
O novo o bom e sua alegria
Cabe à cada um fazer uma prece
Mas afinal quem faria?

Não há poesia não há poesia...

Como Um Cão


Como um cão vadio conhecendo ruas, vendo coisas e lugares. Todas as ruas são minhas, sem que nelas exista idade ou tempo. Vejo casas e pessoas, e acabo sabendo de suas histórias e seus dramas. Por mais que se fale ou não, no fundo todo mundo acaba mostrando sua história. Cada uma delas me faz rir e chorar ao mesmo tempo.
Como um cão vendo o sol. A realidade de todas as cores. E o próprio sol fazendo seu papel. Nu em dias quentes e desconhecido quando não aparece mais está lá. Muitas pipas voam no céu e muitas bolas rolam no chão, sejam de papel, couro ou vidro. São os dias, tão iguais e ao mesmo tempo tão singulares, esquecidos, mas sempre eternos.
Como um cão nas sombras da noite. Olhando seus habitantes sem que possam fazer mal. A lua brilhando ou não lá no alto. E milhares de luas reinando em seus postes. As mariposas voam ou andam. Os morcegos estão no alto ou no baixo. Não sou o lobo que uiva bem alto, eu me esgueiro pelas sombras, quase como os gatos, olhando tudo e todos. Os becos são meus abrigos e cada perigo um convite para brincar.
Como um cão sem casa, sem dono, sem aquilo que amar e guardar. Pode nem sempre ser bom, mas é o que é. A vida segue em frente, até onde ela der. Não há caminhos, caminhos não há na verdade. Só quem anda, este sim existe. O resto se alguém sabe, nada disse. E se disse, não escutei. E se escutei, não entendi. Ou ainda, se entendi, não foi aquilo que queria. Por enquanto, sou como um cão...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Outra Velha Roupa Colorida


Outra velha roupa colorida. Se Belchior me permite imitar. De cores quentes como a vida. Mesmo se a vida quiser me matar. Outra roupa e a mesma voz. O que há em nós. Com a mesma voz hei de cantar. O que eu sonho ou o que me persegue. Triste ou alegre. E que um dia há de alcançar. As tonalidades e os tons. Alguns maus e outros bons. São o que tenho. Outros não há. E as vezes venho. Sem me encontrar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior me deixar usar. Me leve a mal. São as cores do meu carnaval. Mesmo sabendo que ele vai se acabar. Mas por enquanto. Ainda existe um canto. Do meu quintal. Que é pra eu brincar. Então brinquemos. Nós já esquecemos. O que é chorar. É o que mais temos. Sem que precisemos. Nos desesperar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior não se importa. É só emoção incontida. E amanhã fechou-se a porta. Poucos lerão. Poucos verão. Não é verão. E Inês é morta. São letras de um otário. Pobre e ordinário. Que teimar gritar. Que nem sabe se sabe. Mas que no peito nem cabe. O que devia guardar. E mesmo que a ponte desabe. Não há mais jeito de recuar.
Outra velha roupa colorida. Se Belchior não se irritar. Uma roupa grande e sem medida. Curta ou comprida. Quem saberá? Quem saberá ao certo. Se longe ou perto. Em qual deserto. Meu amor está. Ou pelo menos estaria. Se existiu um dia. Ou foi mania. Pra me enganar.
Outra velha roupa colorida...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tantas Bandeiras


Tantas bandeiras
Tantas maneiras
E as mesmas sedes
Tantas fronteiras
Tantas besteiras
E as mesmas redes!

E o seu jeito tanto faz

Não à guerra sim à paz
E o seu jeito tanto fez
Só o amor tem vez!

Tantas bandeiras

Tantas cadeiras
É vida ou é morte
Tantas porteiras
Tantas carpideiras
Ninguém é forte!

E o seu jeito tanto faz

Se são sonhos queremos mais
E tudo que eu sempre quis
Ver um mundo mais feliz!

Tantas bandeiras

Tantas caldeiras
Fervendo e à toa
Tantas doideiras
Tantas carreiras
Todos na mesma canoa!

E o seu jeito tanto faz

São muitas velas pouco cais
E o seu jeito tanto fez
Se fim de ano ou fim de mês!

Tantas bandeiras

Tantas maneiras
E as mesmas redes
Tantas fronteiras
Tantas tronqueiras
E as mesmas sedes!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sóis e Girassóis

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O dia se cerca de grandes cores.
Nem toda cumplicidade é maldosa.
É como um namoro à distância.
Onde pequenos detalhes contam muito.
A primeira vez já basta para acender.
Assim são as guerras e os atos de ternura.
Sim eu quero aquele vento.
A primeira brisa que me encha de saudade.
Nunca nunca será tarde.
A mente que se engana e não a alma.
Eu darei passos sempre certos.
Mesmo quando a dor argumente.
Serão muitas e muitas rotações.
Como os meninos quando se encontram.
Dê-me tempo suficiente para me encontrar.
Marquei comigo em cada esquina.
Lembranças e absurdos guardo no bolso.
Não tenho bolsos somente um.
São tantas e mais fotografias.
Quem me dera estar em todas elas.
Mas ainda quando a memória falte.
As bandeiras tremularão ao longe.
Nada tenho nesse exato momento.
Ou ser só é apenas um ponto de vista?
O teu rosto está em capas de revista.
E as minhas perguntas ainda continuam.
São vidros e são mais vidros.
E algumas noites que galopam rápidas.
O amanhã vem com toda certeza.
Em mares com água ou não.

Meu Demônio

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Afasta-te do  meu demônio! Já te aviso. Não porque me preocupo com o que ele te fará. É para ele meu cuidado. Para que continue quieto em seu canto. Não quero que ele use suas garras em humanas carnes. Nem que sinta novamente o gosto de sangue que em vezes outras já sentiu.
Afasta-te do meu demônio! Já te aviso. Faz tempo em que ele caminha sozinho em meus subterrâneos. Já há muito ele anda nos corredores de meu coração. Quando muito ele sussurra bem baixinho maldições suas. Mas nunca mais abriu suas negras asas para sobrevoar casas. Deixa-o quieto. Não o instigues. 
Afasta-te de meu demônio! Já te aviso. Há muito tu o conheces sem ao menos saber. Num dia faz muito tempo. Tu o tiveste cara a cara. Muitos passos foram dados juntos. Poucos risos a ele foram por ti dados. Mas choros muitos. Não o desafie. Ele poderá lembrar de cada um deles. Detalhe por detalhe.
Afasta-te de meu demônio! Já te aviso. A lei do inverso é a sua. Quanto mais inocência mais perigo. Mais sordidez nas boas intenções. Seus desejos pelos poros saem e não acabam. Sua vontade nunca passa. Sua eternidade é sua maior arma.
Afasta-te do meu demônio! Já te aviso. Ele veste branco e não vermelho. Anjo um dia ele foi e sempre será. Um pedaço do céu veio com ele para o inferno em que se encontra. Brancas nuvens. Lindos desenhos multicores. Outros sóis sem incomodantes luzes. Sóis azuis ou ainda outros. E negras rosas sem perfumes. Mas vivas. Como sempre. 
Afasta-te do meu demônio! Já te aviso. Ou se queres é por tua conta e risco...

domingo, 16 de setembro de 2012

In Setembro

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In setembro como em outros meses as vezes ou não como eu qualquer outra estação há flores e por aí alguns amores algures como já dizia é dia de saber qual nome tem som e a luz e cor do teu batom reluz assim de perto my love e cada coisa por si se move depois do oito o nove depois da vida a morte e depois de tudo a sorte e a sorte que veio e vem mesmo se não tem ninguém eu vejo o mar eu vejo amar é sombra e sol lentamente a lenta mente indo dormindo feito um caracol e verdade seja dita é tão bonita é nós na fita é nós na vida a desfazer meu sonho eu ponho na terra onde vá crescer e se rio ao Rio é meu teu o que chegar calcule a média dessa comédia que faz chorar não sei o que faço mas faço não sei o que escrevo mas escrevo há tanto e tanto espaço e não sei se devo é tanto triz é tanta aposta mas ser feliz é pra quem gosta se tenho pernas pouco sei dançar há estrelas eternas é o que que há formas modernas para se amar há verdades que podem nos ferir como há saudades que não devem se extinguir não há nada de mal não há nada de mesmo não há nada de medo mesmo se há tiros à esmo ou se vou mais cedo esse refrigerante é diet? essa versão é beta? essa história há de ser ligth ou politicamente correta my love my baby é o lobo avise ao carneiro quem cai na rede bobo caiu na moda primeiro ou será que não foi? é a sombra do boi é a teia do Aranha a Baixada abismada não há mar em Espanha não há dentes nas bocas não há mais carpideiras estão de folga esses loucas sem sua choradeira deem notícias de Marte deem notícias de Vênus cada um faz já faz parte de seus próprios venenos e que mostre sua arte em frasquinhos pequenos

Teoria do Tamanho


O meu coração é que mede o tamanho das coisas. Dá para elas o tamanho que acha. A mente nada faz. Quando muito tenta justificar mesmo sendo desnecessário. E acha que comanda alguma coisa. O coração é quem manda. Os pés são seus cúmplices. E acabam levando aonde aquele quer. O levam ao encontro do choro e do riso. O fazem conhecer terras. Ver ventos e sóis e chuvas. Noites e dias numa sucessão quase monótona e no entanto bela. O espaço não existe. E o tempo é uma piada de mau gosto que pode fazer rir.
O menino sabe. Aquele que anda escondido pelos corredores agora vazios sabe disso. Haviam muitos mundos que ele fazia. De várias formas e tamanhos e cores. Alguns bons e outros não. Mas eram seus. E ninguém podia tomá-los dele. E estavam escondidos numa sombra qualquer. A sombra era a própria luz. A mesma luz que dourava cabelos e polia metais. A mesma sombra que vivia dia e noite. Por mostrar é que ninguém vê. Quando chora é que dizem que ri. E quando suas asas aparecem pensam que é o anjo. Não. Não são do anjo essas asas. São negras. Mas só se percebe o que se quer. O coração também manda nos olhos.
O meu coração é que mede o tamanho das coisas. E diz qual dos beijos foi o melhor. Se o primeiro ou o segundo. Diz o tamanho do que resta. Dá conselhos para a teimosia que finge que escuta. Quantas borboletas estarão hoje no jardim? Estarão todas se assim quiser. E haverá lugar para todas elas. Borboletas e pétalas. Bom arranjo. Como foram também certas lembranças. Aquelas com o tamanho sem tamanho. Que o ontem parece com elas. O ontem breve. Terno. Suave. E se entristece é outra história. Eu bebo o vinho mesmo sabendo que embriaga. Eu sei o caminho e gosto de me perder às vezes. 
O meu coração é que mede o tamanho das coisas. Os carros já rodam. É tempo de fechar o livro. É tempo de estar sem tempo. Ou não. O livro pode ficar aberto por enquanto. E os carros dar sua pausa para descanso. Se não for domingo. Assim mesmo será. O mestre manda que os passos sejam sutis pelo menos por agora. Há guerras e muitas. Mas nenhuma delas terá força alguma. Não pararão o mar. Não calarão o vento. E mesmo as frases óbvias que falar serão detidas. Tudo é bom e belo...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Poeminha Número 4


Eram meus erros e todos juntos
Nos mais díspares e loucos assuntos
Eram o que eu queria e desesperado
Não sabia olhar pra que lado
Eram a tristeza dançando e folia
Na espera mais que tardia
Era a noite e eu comigo acordado
Nem sei porque e angustiado
Era a cena passando na tela
A vida que nem é novela
Eram o que eu faço - versos
Além do espaço - dispersos
Minha maneira de falar calado
Fumando pensando sentado
Eram meus erros me acusando
Foi onde e foi quando?

Teoria da Alegria Número 1


Bolas de gude novas. Aquelas de cor de vidro com colorido dentro. Muitas muitas muitas. Num garrafão amarelo de plástico imitando palha. Na caixão de papelão quase bem conservada eles em fileiras. Aos pares. Com suas cores combinantes. O barco vermelho com seu salva-vidas de apito amarelo mais que o sol. O jipe verde de metal com sua buzina estragada pelas pilhas que vazaram lá depois de ali ficarem muito tempo. O velocípede que não dava mais tamanho e era mais rápido que um fórmula um. A tia me deu um Topo Gigio dizendo que um tio misterioso me deu e era sua forma de dizer que agora a vida seria um pouco diferente. O carneirinho na verdade era um ursinho de borracha pintada com a tinta de caneta que não saía. E minha mãe colocou elásticos nas pernas e nos braços pro Dominguinhos ficar como era antes. Eu sei agora que a cristaleira não era pra mim e seus cristais eram tão bonitos. Tudo quebra um-a-um. A Philco de madeira era linda. Era a janela de um outro mundo. E meu sono era meu inimigo nessas horas. Ainda mais quando queria sustos e um coração mais apertado. Fora isso tinha o parque. Onde meu medo se invertia e era bom aquele mar escuro da noite bem lá do alto. Era o tempo prometido onde ânsia e saudade saíam no tapa. Janus com seus dois rostos mais sorridentes um pouco. A máscara cobria o rosto e o medo ainda era o mestre de minha taquicardia. Mas era bom. Eu imaginava um mundo de mais de quatro dias. As cinzas eram tal qual um novo sal. Havia também um mundo doze por trinta com seus vigias. O da frente do velho. O isolado do menino. O perto da varanda o da sonhadora sem sonhos. E ainda lá na frente a alegria das alegrias em frutos parecidos com o sol. Na varanda haviam segredos e o ar era o alvo. O que foi é o que é que é o que será.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Circo


Neste circo senhores
Choramos nossas dores
E a platéia
Não tem ideia...

Nossa bailarina - 

É uma menina
Festa que termina
Nosso palhaço -
Tem o espaço
Do fracasso
Nosso domador - 
Tem o amor
Do desamor

Flechas de fogo senhores

Sonhos de todas as cores
E a platéia
Não tem idéia...

Nosso mágico -

O próprio trágico
Louco e letárgico
Nosso malabarista -
Crime sem pista
Lágrima e vista
Nossos leões - 
São os verões
De guerreiros canções

Prestem atenção senhores

Sem quaisquer rumores
E a platéia
Não tem idéia...

Nosso elefante -

Tem o peso do instante
Que some adiante
Nossas luzes - 
Traçam cruzes
Tiros sombras e obuses
Nossos cães - 
São alaridos nas manhãs 
Promessas lindas e vãs

Batam palmas senhores

Mais sonoros louvores
E a platéia
Não tem ideia...

Bicicleta


Rode com rodas em dois sóis
Trace a terra em circular
A vida é como um riso
Eu só preciso do verbo amar
Tenho a idade do mundo
Sou o dono do dia
O equilíbrio é de acordo
À quantidade de alegria

Rode com rodas em dois sóis

Vá subindo e subindo pelo ar
A vida é como um doce
Quem é que trouxe para me dar?
Faço castelos de pedra
Faço castelos de areia
O equilíbrio é como o encanto
Do canto da minha sereia

Rode com rodas em dois sóis

Rode sempre... Sempre...

Poeminha Número 3 ou Medidas


O que se pede não se mede
A frase muda não me ajuda
Eu fiz poemas com vários temas
E chorei dores de todas as cores
Nesse exato momento estou atento
Não ao que falam mas exalam
Mesmo na cidade há felicidade
Mesmo sem você vou sobreviver
Eu nada fiz mas foi por um triz
Suba a escada e vá pra sacada
Tanta coisa mora do lado de fora
Eu matei a espera e domei a fera
Acordei de madrugada e não vi nada
A Pedra Filosofal está no Carnaval
Isso é filosofia mas quem diria?
Existem rotas que são remotas
Todas as retas são mais concretas
E toda ciência a sua inocência...

O que se prende não se vende

A frase muda é um Deus nos acuda
E tive dilemas e viraram poemas
E chorei as cores de todos amores
Nesse exato momento peço alento
Não aos que querem mas os que puderem
Mesmo que não aceite ainda há deleite
Eu fui feliz mas ninguém quis
Desça a escada e vá pra estrada
O imprevisto quer o seu visto
Eu virei a fera e estou à espera
Acordei com a batucada e não vi mais nada
A Pedra Filosofal está na geral
Isto é heresia ou apenas é  folia?
Existem postas que estão expostas
Todas as metas ainda são secretas
E toda inocência a sua indecência...

Uns Tiros


Tudo é tudo
Nada é nada
Mudo mudo
Calada!

Passo é passo

Vista é vista
Tanto espaço
Prevista!

Tédio é tédio

Riso é riso
Não há remédio
Preciso!

Tiro é tiro

Bomba é bomba
Eu prefiro
Sombra!

Casa é casa

Rua é rua
A minha asa
É sua!

Verso é verso

Poema é poema
Tudo é inverso
Ao tema!

As Velas


As velas estão acesas
Por sobre as mesas
Nas encruzilhadas
Suas chamas são travessas
Ou são paradas
A chama lembra alguém
Dizendo amem
Por quase nada

As velas estão velando

Estão chorando
Até nas festas
São vez em quando
Ou pelas frestas
A chama lembra alguém
Dizendo amem
Pelas floresta

As velas... As velas...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Um Auto


Negra era sua cor. E ele rodou comigo em várias ruas. Já faz tempo garoto. E se eu pudesse, juro que te traria  de volta. Não para andar por essas ruas de hoje. Porque essas ruas são até mais tristes. As ruas de ontem me interessam mais. Nelas eu pegaria de volta os sonhos que um dia eu perdi. Nelas estão os poucos sorrisos que verdadeiramente dei. E quem sabe? Talvez encontrasse a chave desse cofre chamado felicidade.
Várias foram as vezes. Dias de sol, dias de chuva. O menino de quadriculado ia para a escola. Fosse bom ou não fosse. Eram outros dias em que haviam corredores. E rir podia ser o mal ou bem. E rir pudesse ser o começo ou o fim. 
O mar continua. Mas era algo especial. O que mata. Mas que pode alegrar. Num sonho de brancas cores como o vidro. Tudo é quente. Tudo simplesmente é. E protegido da areia me levava. Bem cedo. Bem tarde. Bem perto. Bem longe. Bem baixo. Bem alto. E tudo era o que era. E atravessá-lo é deleite. Ou estratégia. Como um coração que ama. Ou pelo menos palpita.
Uma deliciosa solidão. Solidão de nós três. Mesmo quando tudo era pequeno. E os bacurais cantavam para meu assombro. Amanhã-eu-vou! Amanhã-eu-vou! Um sofria pelos cabelos curtos. E mesmo assim era doce o que vinha na boca. Mais que mel. Não reparem. Tudo tem que ser assim.
Mas há carnaval sem folia. E que o começo parece o final. Pelo menos pra mim. Foi o fim sem adeus. Sem fotografia. Sem quase choro. Uma nuvem de poeira. E uma notícia sem graça. Falada sem tom algum.
Aonde será que ele anda? Talvez numa eternidade maior que a minha. Nas mesmas ruas. Onde o tempo nada pode fazer. Permanente. Brilhando. Com seu barulho e seu grito. Antigo e mesmo assim novo. Quem sabe? Talvez espere por mim...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...