terça-feira, 27 de maio de 2025

Tragédia à La Grega

Cabelos de um emaranhado de sol que não sei

Espelhos apavorados por uma tal novidade

Nunca tive mais forte do que em minha fraqueza

Um painel épico para as paredes de uma padaria

O tira-gosto sempre acaba deixando mais um...

Consigo escrever epopeias com alguns monossílabos

Mas as minhas declarações de amor ou são caladas

Ou são cheias da mais pura de todas as prolixidades

Como assim deve ser todos aqueles que são tolos

Ou ainda que carregam dose excessiva de loucura...

Queria fazer um curso para ser logo um faquir

Mas ainda não escolhi quais espinhos de rosas usarei

Para construir um novo colchão para o meu descanso

Isso faz parte daquele meu contumaz arrependimento

Por certas dores que deveria um dia ter passado...

A nudez dela mesmo quando está toda assim vestida

As centenas de beijos que ainda guardo em minha boca

Todos os nossos pecados sempre foram brindados

E o nosso tesão mesmo que destruído ainda permanece

De forma desconhecida por todos os olhos que olham...

Antiquadas tecnologias mais do que tecnológicas

Em que pulamos direto para as mais acesas fogueiras

Em noites enluaradas sem alguma lua que console

Esfregando seu sexo perante a câmera em uma live

Eis a nossa confissão de pecados que não cometemos...

Uma andorinha só não faz estação alguma que exista

Nesta multidão de muitos sozinhos nos encontramos

Porque assim foi desde que começamos a jornada

Nenhum sono pode ser dormido por mais de um só

Assim como o sono maior que afinal todos têm medo...

A mesa agora está posta e o conviva ainda não veio

Não sabemos se ele se atrasou ou se foi o tempo que

As montanhas agora são construídas apenas de papel

E a palavra só desliza pelas asas da internet

E o nosso arroz acabou virando mais uma tragédia...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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