quarta-feira, 21 de maio de 2025

O Ontem É O Hoje Que Chegou Atrasado

Desprovido de todos os sotaques possíveis,

Fazendo apenas as coisas mais terríveis,

Estou me estrangulando na frente do espelho,

Até meu rosto ficar ou azul ou vermelho...

Me falta o ar, me falta o ar!

Pulei o carnaval, mas não sei sambar...


Eu sou o miserável sem uma conta bancária,

Sem coragem alguma, nem uma alma operária,

Corro de medo das luzes dos carros,

Junto para depois as pontas dos cigarros...

Me falta o blue, me falta o blue!

Mesmo estando vestido me sinto nu...


Palhaço sem graça num circo sem picadeiro,

Nem como e nem bebo por não ter um dinheiro,

Maldita seja a hora em que eu nasci,

Eu vim do inferno e ainda estou aqui...

Me falta o tom, me falta o tom!

Não há tanta diferença entre mau e bom...


O ontem é o hoje que acabou chegando atrasado,

Cada lado acaba sendo na verdade o outro lado,

Eu tenho os castigos que não mereci

E lamentar não adianta... E daí?

Me falta o mar, me falta o mar!

Tempestades agora são canções de ninar...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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