Desprovido de todos os sotaques possíveis,
Fazendo apenas as coisas mais terríveis,
Estou me estrangulando na frente do espelho,
Até meu rosto ficar ou azul ou vermelho...
Me falta o ar, me falta o ar!
Pulei o carnaval, mas não sei sambar...
Eu sou o miserável sem uma conta bancária,
Sem coragem alguma, nem uma alma operária,
Corro de medo das luzes dos carros,
Junto para depois as pontas dos cigarros...
Me falta o blue, me falta o blue!
Mesmo estando vestido me sinto nu...
Palhaço sem graça num circo sem picadeiro,
Nem como e nem bebo por não ter um dinheiro,
Maldita seja a hora em que eu nasci,
Eu vim do inferno e ainda estou aqui...
Me falta o tom, me falta o tom!
Não há tanta diferença entre mau e bom...
O ontem é o hoje que acabou chegando atrasado,
Cada lado acaba sendo na verdade o outro lado,
Eu tenho os castigos que não mereci
E lamentar não adianta... E daí?
Me falta o mar, me falta o mar!
Tempestades agora são canções de ninar...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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