Eis a grade do berço e eis a grade da jaula.
Nunca sabemos onde estamos porque falhou o GPS.
A fruta estava cansada e acabou caindo do pé.
Eu sou cavaleiro do vento mas desligaram na tomada.
Um riso sem querer acabou vindo sob encomenda.
Agora virou moda os epitáfios conterem anedotas.
O chá das cinco acabou vindo atrasado às seis.
A madame teve seu lindo rosto roído pelos vermes.
Gaguejamos toda vez que chegamos na mesma nota,
A falsidade comprou vários nomes novos no bazar.
Um copo à mais revela como se pode ser mesquinho.
O silêncio sabe gritar mais do que qualquer barulho.
Eu poderia boliná-la até o final de todos os tempos.
Minha poesia nada constrói mas adora derrubar muros.
Se um dia fui comportado neste dia estava dormindo.
Qualquer sacanagem escrita no banheiro agora é arte.
As cadelas no cio aprenderam a tocar seus violinos.
Falta-me tudo e sobretudo saliva em minha pobre boca.
A ciência desenvolveu nova técnica de tocar berimbau.
Se a farinha é pouca hoje não vai haver mais pirão.
O vício sem substância viciante chama-se impossível.
Passear de saveiro quebrado é um bom divertimento.
Nunca mais morrerei até que um dia eu possa morrer.
A mente é um caldeirão onde os pensamentos misturam.
Um tapete de cactos para o grande desfile de moda.
A celebridade esqueceu que estava nua em pleno palco.
A cidade pega fogo mesmo estando debaixo de chuva.
O tempo traz sempre a fome insana do próprio tempo.
Talvez eu seja a verdadeira cura para eu mesmo.
Toda modernidade não pôde acabar com a dança da chuva.
Até o que é mínimo no desespero pode ser um máximo.
Quando for para o nada diga que eu mandei lembranças.
Eis a grande do berço e eis a grade da jaula...
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