quinta-feira, 8 de maio de 2025

Carliniana LXXX ( Todos Os (Des)Prazeres do Mundo )

Eis a grade do berço e eis a grade da jaula.

Nunca sabemos onde estamos porque falhou o GPS.

A fruta estava cansada e acabou caindo do pé.

Eu sou cavaleiro do vento mas desligaram na tomada.

Um riso sem querer acabou vindo sob encomenda.

Agora virou moda os epitáfios conterem anedotas.

O chá das cinco acabou vindo atrasado às seis.

A madame teve seu lindo rosto roído pelos vermes.

Gaguejamos toda vez que chegamos na mesma nota,

A falsidade comprou vários nomes novos no bazar.

Um copo à mais revela como se pode ser mesquinho.

O silêncio sabe gritar mais do que qualquer barulho.

Eu poderia boliná-la até o final de todos os tempos.

Minha poesia nada constrói mas adora derrubar muros.

Se um dia fui comportado neste dia estava dormindo.

Qualquer sacanagem escrita no banheiro agora é arte.

As cadelas no cio aprenderam a tocar seus violinos.

Falta-me tudo e sobretudo saliva em minha pobre boca.

A ciência desenvolveu nova técnica de tocar berimbau.

Se a farinha é pouca hoje não vai haver mais pirão.

O vício sem substância viciante chama-se impossível.

Passear de saveiro quebrado é um bom divertimento.

Nunca mais morrerei até que um dia eu possa morrer.

A mente é um caldeirão onde os pensamentos misturam.

Um tapete de cactos para o grande desfile de moda.

A celebridade esqueceu que estava nua em pleno palco.

A cidade pega fogo mesmo estando debaixo de chuva.

O tempo traz sempre a fome insana do próprio tempo.

Talvez eu seja a verdadeira cura para eu mesmo.

Toda modernidade não pôde acabar com a dança da chuva.

Até o que é mínimo no desespero pode ser um máximo.

Quando for para o nada diga que eu mandei lembranças.

Eis a grande do berço e eis a grade da jaula...

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