terça-feira, 20 de maio de 2025

Alguns Poemetos Sem Nome N° 343

Eu vejo os dias nascerem, 

Todos eles calmos e tímidos,

Escondendo dramas e fatalidades,

Como o crupiê esconde o ás na manga,

Como jagunço que faz a tocaia,

Como o rio cruel e a maré falseando...

Lá vem os dias com seu cúmplice tempo!

Fabricando escombros e desilusões...


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Peguei um pedaço de alegria

(Como quem pega um pedaço de rapadura)

E guardei-a no bolso para mais tarde...

Me apossei de um fragmento de sonho

(Estaria seguro aqui em meu bolso?)

Para que um dia ele pudesse acontecer...

Engoli meu amor com toda pressa

(Se estava quente ou estava frio nem notei)

Para que não o perdesse de uma vez...


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Acordei de madrugada,

Acho que acabei sendo ela...

Vejo o sol todos os dias,

Principalmente esse em mim...

Faço carnaval o ano todo,

Sou folião de todas as horas...

Vejo uma nuvem multicolorida

Que me fez e faz criar asas...

Acordei de madrugada,

Mas hoje não tinha lua para uivar...


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Vejo séries antigas em preto-e-branco

Aproveitando para rir risos há muito não ridos...

Estarão todos mortos ou alguns ainda vivem?

A vida é um menino que quer jogar cartas

Mas não sabe quais são as figuras do baralho...

Como já dizia minha avó em sabedoria bruta:

- Quase tudo pode, mas adivinhar é proibido...


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Fiz um barco de papel

Com todo o capricho de ocasião,

Um barco sério, meticuloso,

Mas só não tem nem tripulação,

Ele tem pressa de ir embora,

Mesmo me deixando na solidão,

Corre então por essas calçadas,

Nunca conheceu o ribeirão...


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Pois é esse mudinho que escolhemos,

Mudinho pequeno em tamanho grande,

Que nos manda o tempo todo que há,

Onde tiros de festim matam bem mais

E quem pensa o faz por conta e risco!


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Miro em frases

Acerto em versos

Grandes ou pequenos

Curtos ou longos

Tanto faz...


A poesia é bela

Mesmo se feia

E sua nudez

É tão mais relativa

Estando nua

Ou estando seminua...

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