Sangue Fresco

Cartolas inglesas do mais puro feltro da Malásia.

Amendoins hidropônicos cultivados sem preces.

Teatro de Arame feito com puro bambu japonês.

Carioquismos de Miami com sotaques jamaicanos.

Todo amor é uma ilha para irmos à nado...

Falsa felicidade estampada em redes sociais.

Aprendendo a ser mais um idiota entre muitos.

Pratico auto-canibalismo desde quando nasci.

Sambo na ponta dos pés mesmo não tendo pés.

Os abismos tem mais medos do que nós...

Coloquei uma linda baleia-azul no meu aquário.

Quero comer doce de quiabo dia sim outro não.

Ganhei uma porrada no nariz e ainda bati palmas.

Observo com os olhos fechados o que nunca vi.

Tirei meu curso de demônio por correspondência...

Há um cemitério de agendas eletrônicas logo ali.

Matar cachorro a grito é uma tarefa muito fácil.

De vez em quando acabo torcendo para o vilão.

O tempo acabou passando a mão na minha bunda.

Nem toda a natureza pode ser assim tão natural...

Botos e golfinhos fizeram um acordo de cavalheiros.

Um churrasco vegano tem lá as suas explicações.

Andar de bicicleta é uma coisa para os cientistas.

Meu berro acabou assustando meu pobre silêncio.

O ferreiro agora mora num apartamento duplex...

As torradas de pão doce agora sumiram da praça.

Engasgo toda vez que tento engolir um dinossauro.

Talvez eu dê uma guilhotina de presente pra ele.

Ela possui muitas sardas e espinhas de peixe também.

Quantos cigarros que nem fumamos mais juntos...

Juro pelas segundas-feiras que não esqueço das terças.

Quando um ovo é um luxo a vida está sendo um lixo.

A barata que vive no meu quarto pediu aposentadoria.

Eu só mato mosquitos quando consigo enfim matá-los.

Todas as tardes possuem encanto até virarem noites...

Eu sou um tupiniquim quando troco os pneus do carro.

Mostro o dedo do meio na falta de um outro qualquer.

O lobisomem correu assustado quando ouviu meu uivo.

Estritamente vampiro só consigo tomar sangue fresco...

Os fantoches também possuem particulares fetiches...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).