terça-feira, 31 de março de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 70

Tapete mandala Lótus
Rápido veio
rápido passou
alguns encantos sim
outros encantos não
São apenas ideias
que enchem o ar
e entram pela boca
Rápido veio
rápido passou
e eu nem sei 
onde foram parar...

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Já está quase pronto...
a melhor obra...
a melhor canção...
a melhor pintura...
é toda uma obra-prima
feita pelo tempo...
Foi tudo obra 
de um acaso programado...
um destino feito 
todo de impulsos...
todo movimento
mesmo estando parado...
Já está quase pronto...
sonhos vivos ou não...
paixões acesas ou apagadas...
vários caminhos ou nenhum...
a escolha certa
ou a escolha errada...
Todas dores e todas alegrias
mereceram ser vividas...
As mágoas e angústias
apagadas do caderno...
Um dia o vento soprará
e a vela se apagará...
Sempre está quase pronto...

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Tento ser o que não sou
mesmo se não tento
se eu sou tempestade
queria ser - apenas vento...

Quero amar quem não me ama
isso me dá contento
sei que não vou conseguir
pois é só isso - apenas tento...

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Pequenos poemas 
é o que eu tenho nas mãos
é o que eu tenho na mente
ou até em minh'alma
Com eles não temerei
o perigo que tem lá fora
aqui permanecerei
o tempo que precisar
Eu sou o palhaço
mas o circo fechou
eu sou o dançarino
a festa já se acabou
nada mais existe
senão tédio e tristeza...

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Os muros protegem
e os muros prendem
os homens compram
e também se vendem...

As portas protegem
e as portas oprimem
as roupas vestem
e também comprimem...

As paixões dão vida
e as paixões queimam
os sonhos somem
e também teimam...

Os muros protegem
e os muros prendem
os homens compram
e também se vendem...

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Todos estão no deserto
todos secos
ressecados 
ressequidos 
todos assim o estão

Tão longe e tão perto
todos mortos
matados 
morridos 
mesmo sem exaustão

Todos somos o que somos
querendo ou não...

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Toda loucura
toda insanidade
está aqui
aqui estamos nós
toda tristeza
toda felicidade
está aqui
em nossos passos
em nossas vidas
todos os caminhos 
toda a realidade
está aqui
aqui estamos nós...

quarta-feira, 25 de março de 2020

O Caminho Sou Eu

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Já perdi medo do caminho 
há muito tempo...
Suas pedras agora
são minhas velha conhecidas...
Todas as curvas
já me conhecem pelo nome...
As emboscadas da noite
já não podem me ferir...
Eu ainda não sei onde vou
mas decerto eu vou...
Talvez se chegar lá
volte um dia...
Mas se não voltar
será apenas mais um...
Conheço todas as pontes
sobretudo as que derrubei...
Os enganos de alguns atalhos
que vão dar em nada...
Eu vou solitário
vida e morte são iguais...
Já perdi medo do caminho
pois o caminho sou eu...

terça-feira, 24 de março de 2020

A Menina Com A Boneca Quebrada

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De batalhas sem heróis
este é o meu mundo
e é tudo que temos...
Guerras sem razão
e corridas sem vencedor...
Muito sobrando com poucos
e muito faltando com muitos...
Crianças chorando
pelos pais perdidos em bombardeios
e audiência comovida
por mais um reality show...
Políticos piores que ratos
e votos por uma cachaça...
Sucessos mais que medíocres
e sinfonias desprezadas...
A arte é a prostituta do momento
e o sucesso é o seu cafetão...
Damos nomes impossíveis
para coisas mais improváveis...
O homem já foi à lua
mas não pode ir na esquina...
Podemos conhecer de tudo
mas nos desconhecemos...
Não temos mais amor...
Não conhecemos mais a ternura...
Somos inimigos da compaixão...
Nossa desonestidade
chegou às raias da normalidade...
Temos vergonha do que é certo
e aplaudimos de pé o que é errado...
Nosso sono não é mais dos justos...
Agora é um sono de mortos...
Somos piores do que a doença
e matamos mais que o vírus...
Há mais verdade na boca dos bêbados
do que no filosofia dos sábios...
A puta pagou um lanche para o menino de rua
e acabou chegando mais perto de Deus...
O religioso enganou os fiéis
e deu sua alma ao diabo...
Sexo agora é uma droga à mais
e beber é apenas como respirar...
Não entender é a palavra de ordem...
Se a lepra for moda nós a teremos...
E eu sou apenas mais desses velhos
que choram pelos cantos
triste e solidário
com a menina que chora por sua boneca quebrada...

sábado, 21 de março de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 69


Aquela canção
que você me pediu
eu não pude fazê-la
já estava pronta faz muito
perdida em alguma estrela

Ou talvez perdida na rua
sem ter algum rumo
como eu quando me sinto só
quando choro sozinho
e ninguém tem algum dó

Aquela canção
que você me pediu
não pôde percebe-la
já estava pronta faz muito
perdida em alguma estrela...

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Em caminhos que me perdi
também me achei
A loucura pegou minha mão
e me fez seguir adiante
Pulei direto no abismo
e acabei voando
Acordem logo!
Gritei solene pelas manhãs
querendo mostrar minha alegria
mas com medo de sua partida...

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Esse cristal que eu quero
é seu
mas enquanto prometo guardá-lo
você quebrará
Essa manhã que eu quero
é sua
eu queria poder vivê-la intensamente
mas ela passará sem você notar
Esse amor que eu quero
é seu
mas não passará de uma banalidade
enquanto morreria por ele
Essa flor que eu quero
é sua
enquanto gostaria de guardá-la
você jogará fora
Essa vida que eu quero
é sua
à mim cabe apenas a morte
e eu a viverei totalmente...

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O último da fila
o primeiro da execução
o mais abandonado
a vítima da paixão
o que foi subtraído
o resultado da divisão
o que se perde no escuro
o carro na contramão
aquilo que eu não quis
o inverno em pleno verão
embriaguez indesejada
dor sem explicação
sem encontrar alguém
sozinho na multidão
o que caiu entre teias
apenas um grande bobão
mais um corpo caído
mais um banquete pro chão...

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Sou apenas mais um covarde...
Um covarde na fila...
Um covarde na lista...
Querendo olhar para o outro lado
Antes que aconteça a tragédia...
Um covarde bobo
Como há muitos por aí...
Pela vida... Quase na morte...
Porém permita te dizer...
Um covarde um pouco diferente...
O tempo acabou me ensinando
À continuar andando...
À não desistir de sonhos...
À não desprezar ao amor
Mesmo que isso signifique
Sangrar cada vez mais...
Sou apenas mais um covarde...
Um covarde na fila...
Um covarde na lista... Mais um...

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Eu amo tanto a sua loucura
como se fosse a minha
Vamos sair pelo mundo
procurando rosas azuis?
Eu amo tanto os seus desvarios
como se fossem os meus
Galopemos pelas nuvens
até que o dia se acabe...
Eu amo tanto os seus devaneios
como se de mim partissem
Iremos encher nossos bolsos
com todas as estrelas do céu?
Eu amo tanto os seus repentes
com a maior naturalidade possível
Pense aí e me responda:
Isso tudo significa amor?

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Os faróis me cegam
por essas noites tumultuadas
de nossa grande cidade
São milhares de vaga-lumes
que ficaram tão loucos
sem objetivo e nem itinerário
Os cigarros acesos
agora escondem sua fumaça
que também sobem aos céus
Não há mais velhos e homens
e nem mulheres e nem crianças
são apenas seres da noite
A beleza e o lixo andam juntos
de braços dados sorridentes
e ninguém pode perceber
Comida droga sexo e abandono
alguns bêbados expõem suas sinas
ser da noite não é pra qualquer um
sobretudo na minha cidade...

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Precisa-se

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Preciso de encontrar um meio
de me encontrar
Juro que não brigarei comigo
pelos vontades e desejos impossíveis
porque acabei penando
Não farei críticas
aos sonhos tão impossíveis
que acabaram me machucando
Não rirei na minha cara
por tantas paixões que tive
nem o risco que corri por elas
Não mostrarei as muitas cicatrizes
algumas delas pelo corpo
e a grande maioria em minha alma
Não contarei as rugas do meu rosto
nem os danos que o tempo me causou
e que não posso recuperar mais
Não vou cobrar o tempo que passou
reclamar das saudades que ficaram
e me entristecer pela partida de muitos
Se me acharem numa praça qualquer
por favor deem o recado que espero
e que vá logo para casa - estou lá
Se me acharem no meio de uma revolução
lembrem para mim que eu sempre fui rebelde
e que ir ao meu encontro também é importante
Digam para mim que o amor é importante
mas que acabei descobrindo um segredo:
o amar é mais importante que o amor em si
Me apressem pois não tenho muito tempo
não que eu espere a morte com exatidão
mas nunca devemos nos arriscar com isso
Sejam sinceros comigo e nada prometam
as verdadeiras coisas que eu tenho 
são aquelas que nunca perderei mesmo dando-as
Por favor atendam este singelo pedido
não será o meu último
mas farei o máximo para não incomodar
Saiam por aí me procurando
gritem o meu nome bem alto
devo estar em algum beco ou algum jardim
Podem perguntar aos cães e aos gatos
falem com as nuvens talvez elas saibam
talvez esteja atrás de uma estrela que escapou
Preciso de encontrar um meio
de me encontrar...

quinta-feira, 19 de março de 2020

Anote Aí

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É a alma que dói
não é o corpo
Não é a morte que mata
mas é a vida
O espinho defende a rosa
não faz ferida
Toda chegada 
precisa da partida
A sorte maltrata
não é a lida

O susto afeta
o coração
Mas o amor
afeta mais
A escuridão nos mete medo
mas traz a paz
O vento é tão bonito
mas carrega os temporais
Eu nunca fui amado
mas amei por demais

A verdade e a mentira
estão juntas
Nem sempre a mentira
é que mente
Às vezes a presença
é ausente
A paixão pode doer
e nem se sente
Somos todos iguais
e cada um diferente

Anote aí...

Entre Tanto

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Fidelidade em pequenos saquinhos
sonhos banais que nem cigarros
A morte sem nenhum grande alarde
becos e vielas são grandes palcos
Velhos argumentos e novos discursos
a mesma máscara agora sem fantasia
Beber e acabar não cair de jeito algum
é um filme de cangaceiros bem antigo
Estava um dia desses andando na rua
e acabei correndo mais que o drama
O feio pode ter algum bonito nome
e a água pode ter um gosto bem amargo
Respiro a sujidão que nos fizemos
e ela acaba me sendo tão peculiar
Poetas bem-comportados não se acheguem
meus versos podem sujar a túnica do anjo
Não tenho para mim muitos anos
mas o suficiente para me entristar mais
A questão é a mais simples possível
sem haver mangas não temos ases
Minha imaginação vive pedindo esmolas
e eu mendigo sempre junto com ela
O futuro é um simples passado
que não entrega nunca seus pontos
E a mentira nada mais é ou será
que uma verdade que foi mal contada
Joguei muitas moedas na fonte
que hoje acabo sentindo saudades delas
Os meses passam mais rápidos que minutos
mas nos distraímos e nem percebemos
Acabei virando um bicho arredio
ninguém conhece mais minhas paixões...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

País do Carnaval

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Eu vivo num país sem leis, onde a insanidade é a palavra de ordem. Onde os papéis são invertidos e muitos mártires morreram por causa nenhuma. Onde ser livre é uma forma mais perigosa de escravidão e pensar uma forma mais arriscada de loucura.
Eu vivo num país tão belo, onde as máscaras são tão comuns. Onde a hipocrisia é a opção de rota de fuga para monstros que não deveriam existir, em que quem deveria consolar provoca o choro e quem deveria responder à nossas perguntas, às fazem ficar sem resposta alguma.
Eu vivo num país tão absurdo, onde crianças são transformadas em novos adultos sem futuro, onde mulheres são apenas pedaços de carne expostos no mercado, onde velhos são apenas panos de chão. Onde os donos da terra são alvos de um esporte insano, onde a natureza é profanada por quem nem deveria ter a terra como última moradia. Onde se briga pela forma, mas é esquecida a essência, onde um tom de pele é mais valorizado do que a própria moral.
Eu vivo num país onde todos se drogam, cada um de seu jeito. Uns com drogas ilícitas, outros com lícitas, uns com drogas que se mostram e outras camufladas. Onde a vida é gasta com o que não fazer, onde a felicidade é posta de porta para fora. Aprendemos desde de cedo a sermos humanos o bastante para sermos mesquinhos e egoístas. 
Eu vivo num país onde se ri de coisas sérias e se chora por qualquer banalidade, onde os enganos são mais fortes que os ideais e os princípios são apenas motivo de piada. Onde há religiosos sem Deus e sábios totalmente tolos. Onde quem governa, desgoverna e todos fingem não ver e batem suas palmas.
Eu vivo num país que deveria ser o melhor, mas é o pior; que deveria ser de paz, mas é de violência. Um  país onde a moda nos coloca os arreios para que puxemos sua carroça. O paradoxo é o novo Messias e o desperdício do final de semana o nosso mais sério compromisso.
Eu vivo num país limpo e sujo, bom e mau, como os outros do mundo, mas exageradamente exibido em suas mazelas, que não tem vergonha de expor sua bunda para tantos outros que a queiram ver. Não sei se alguma coisa boa ficou no passado, porque até esse passado se acha distorcido para quem assim o interessa.
Eu vivo num país com carnaval o ano todo, mas que ninguém perguntou se eu queria brincar...

Turva

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Turva água
turva mágoa
em ti e em mim
tudo acabou
foi embora
só a morte demora...

Turvo tento
turvo vento
aqui e ali
o que não acabou
foi embora
nada mais apavora...

Quando serei eu mesmo?

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...