segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Onde Está?

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Não sei mais o que fazer com certas coisas, isso tem muito tempo. Invariavelmente o meu desespero me acompanha para longos ou breves passeios, eu que escolho.
Tento me calar com a precisão de um artífice e construo filigranas de minhas indecisões. O tempo me ensinou a ser um mestre nesta arte, o equilíbrio numa corda bamba que afinal, acaba nem mesmo existindo.
Estou no ar feito um gato quem pula de uma altura considerável, é preciso cair de pé sem se machucar ou pelo menos me ferir o menos possível. Somos todos gatos, até que nos transformamos em ratos ou passarinhos, dependendo da ótica.
Tentei cantar variadas canções, mas não possuo o quanto necessitaria para tal. Os carnavais marcham com pressa, é sua função chegar e encantar e desencantar, risos e choros fazem parte do seu dever de casa.
Sabe quem sou eu? O dia em que descobrir tal coisa, por favor, me conte. Ando me desconhecendo faz tempo, tenho mudado minha rotina de sonhos, eles estão diminuindo de tamanho e sua dificuldade está encolhendo aos poucos.
Ainda tenho certas vontades, isso é certo. Mas com o fracasso que todos os mortais possuem, é apenas por força do hábito e para honra da firma. Um velho como eu se encolhe de frio até em dias de certos sóis. 
A vida é uma procura sem alvos, onde procuramos no monte de lixo que montamos, a oportunidade que jogamos fora. O menino se arrependeu de ter se livrado do brinquedo decepcionante e agora o procura em vão.
Não reparo no meu relógio, mas nem por isso os ponteiros param. É paradoxal o que fazemos, corremos tanto da morte que nossa corrida é exatamente ao seu encontro. Nosso cuidado é bem pouco, deveríamos simplesmente viver enquanto podemos.
Tento ter sempre razão, até quando quando sei que fui autor de muitos erros, mas não poderei me condenar por isto. Nossas histórias são bem parecidas, apesar de serem totalmente diferentes em variadas tonalidades.
Dou-me ao luxo de escolher minhas palavras, isso acaba dando um certo alívio. Ainda não descobri se olhos sofrem mais ou quem sofre é o coração e temos a ilusão de que é um, enquanto, na verdade é o outro, o sofredor que não escolheu este martírio.
Minhas palavas são minhas companheiras, gravo-as primeiro em minha alma, depois tento colocá-las no que escrevo como quem faz uma tatuagem, porém, com uma vantagem, ainda há bem mais espaço para tal. Meu espaço é o tempo, talvez não o suficiente como gostaria, mas é o que tenho.
Já acordei em meio à tantas noites e fui um grande inversor de horários e compromissos. Acredito que os filósofos tiraram suas conclusões após duras dores de cabeça e isso pode ser um pouco preocupante. 
Sempre quando acordo, acordo de mau-humor. Isso não significa que abomine os sonhos, mas é que os pesadelos acabam vindo junto, é certamente uma dicotomia. Só que certas dicotomias, estão fora de moda.
Continuo meus passos, uns em branco, outros não, indeciso como deveria ser, pelo menos como manda o manual de instrução. Muitos papéis estão guardados em minhas gavetas, outros em meus bolsos, outros ainda por aparecer.
Só aguardo algo, talvez um milagre, talvez algo banal, que modifique o rumo de minha história, de algumas outras, com o tempo necessário que o destino determine.
Felicidade, onde você está?... 

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