quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 24


eis a vida:
um novelo todo entrançado
que quando destraçamos
é apenas o fim do fio...

eis o amor:
uma ferida que cultivamos
para que doa sempre mais
pois é dor e salvação...

eis a morte:
um fim inesperado esperado
onde não ter mais nada
pode ser até liberdade...

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sutis teus afagos
uns tragos
embriagantes
rudes os sonhos
tão tristonhos
que tive antes
desperto pesadamente
como quem não acorda...

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há um transe caótico em mim
todas as vezes que me arrependo
dos erros que não fiz
parecidos com os carros
nos engarrafamentos da cidade
 celas onde prisioneiros
impacientes e solitários
cumprem sua inocente pena
há uma tremedeira que não passa
febre sem alta temperatura
nada tão complexo e simples
os detalhes me torturam
como espinhos sem ponta

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quanto mais a minha loucura falava
mas eu permanecia em silêncio...
quanto mais o amor me afligia
mais fazia esforços para aguentar...
quanto mais a saudade me roía a alma
eu me deleitava com seu vazio...
pareço agora uma exceção:
nada mais me impede
de dar meus risos sob a tempestade!

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o teu chanel
e a tua maquiagem excessiva
acabam me enternecendo
não vejo a maldade 
que todos acabam vendo
talvez porque seja um idiota
ou porque enxergo demais
(no fundo, no fundo,
é quase a mesma coisa)
sim, sim,
eu gosto muito dos teus gemidos
como se as palmas da plateia
fossem para mim...
relógios são maus
isso eu sei e muito bem...
a tua eternidade
é o que me bastaria...

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o próximo cigarro é o meu
a próxima bebida é a melhor
a aventura é uma mosca
pousando na borda do copo...

o próximo amor é o maior
a seguinte ferida a que dói mais
adivinhar o segundo adiante
é o maior dos prodígios...

a noite posterior a mais escura
a nova notícia mais preocupante
o destino esqueceu seu óculos
não está enxergando mais nada...

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lembra do teu primeiro desejo?
aquele que foi como um profundo
machucado que doeu tanto?
não me lembro...

lembra do teu primeiro amor?
aquele que te deixou tonto
coisa boa e má ao mesmo tempo?
não me lembro...

lembra do teu primeiro sonho?
aquele que te levou às nuvens
e te derrubou no abismo?
não me lembro...

lembra de teu primeiro risco?
aquele que te fez correu
se escondendo na escuridão noturna?
não me lembro...

lembra do teu rosto envelhecido?
aquele que te faz desesperar
todas as manhãs no espelho?
sim, me lembro...

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