inversão
perversão
conversão
simples palavras
que tu lavras
tão escravas
ponte
conte
monte
simples palavras
que tu lavras
tão escravas
fato
bato
ato
simples palavras
que tu lavras
tão escravas
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eu sou o não lembrado
o que ficou em eternas dobras
deverei estar contentado
com o que sobrou das sobras
eu sou o ar parado
o que tem tudo e nada tem
e tenho sempre sonhado
com coisas tão mais além
eu sou tudo errado
o que há de mais insano
o transe mais inesperado
simplesmente humano
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nada previsto
tudo fora de ordem
nem os malabaristas conseguem
a tristeza vem galopando
eu que o diga sempre
não quero escadas
não quero escadas mesmo
se os anéis dos teus cabelos
estivessem ao meu alcance
faria neles
a verdadeira dança da chuva
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todos os gatos quase pardos
todas as alegrias quase nossas
as fumaças sobem quase em linha reta
e a solidão tem dessas coisas
eu não atino com certas dúvidas
e as pedras no caminhos são quase suaves
perdi certos medos tem um certo tempo
mesmo que para isso disfarce algo
há muitas histórias nos próximos instantes
mesmo que seu enredo não exista
mesmo me enganando afirmo
que depois da curva existe uma cidade
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gatos e pombos
assim são os dias
lá fora
caças e caçadores
eu vejo
com certa tristeza
os carros amanhecerem
tão apressados
levando nada
para nada
mas enfim...
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pensemos em ardis
os mais imaginosos
em que os sonhos
se transformem
nos sons das palavras
palavras de ira
ou de afeto
mas todas elas fortes
fortes o bastante
para moverem montanhas
ou despertarem a ternura
nos mais insensíveis
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a rima barata
o cigarro óbvio
e todos os novelos
através dos corredores
tudo mudou
e inda mudará
a natureza-morta toma vida
e os passados cantos
ainda retornarão
do fundo do meu coração
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