quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 25

Menino nerd com livros sobre a cabeça, óculos vermelho e camisa ...
Nem sei mais onde vão dar os labirintos que eu mesmo escolhi em trilhar. São escuros e frios como minh'alma que acompanha as más notícias de lá fora. Tantas coisas que me fazem duvidar de uma realidade duvidosa. E eu, mais um dos muitos do rebanho, sento no sofá tranquilamente enquanto o quadrado malvado me leva ao grande tombo. Brindemos ao dia de nossa escuridão, perfeitos idiotas com cuidados dispensáveis e apetites sem motivo. 

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Alto lá! Gritavam os meus sonhos que no acaso me encontraram dia desses. Fizeram perguntas sem resposta, queriam saber todos os detalhes das ilusões que me saltavam os olhos. Não pude falar muito, só das tristezas que habitavam em mim, dos desenganos que enchem meus bolsos, de algumas estrelas que catei por aí em noites que sozinho andava. Pensei que eram pirilampos, mas não eram. E o que mais aconteceu? Tenho falado com os olhos canções antigas que a saudade molhava com lágrimas. Pode ir embora, vamos pelos mesmos caminhos buscando a esperança...

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Galopo em meu cavalo por terras distantes sem medida, enfrento moinhos maiores do que o velho herói, atravesso pontes como talvez poucos atravessam. Não tenho mais medo, experimentei quase todas as dores do mundo e a pior delas - o desamor. Deixem que meu choro mudo se espalhe pelo ar, eu não me importo, estou em todos os enterros e em todos os carnavais. Estou no fogo e nas cinzas, igualmente. Olho para o chão e para os céus num golpe só. Sim, sou eu, o mais louco entre os loucos, que dá risadas sem motivo algum. Sou o rei de um reino sem reinado, onde meus poemas são tão azuis como os girassóis em uma tarde sem nuvens. Sem bandeiras também, sem correntes que prendam, sem as celas das ilusões que rastejam querendo alheio choro. 

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Maus tempos existem sempre, mesmo que as luas se sucedam entre céus que admiramos. Tempestades existem, mesmo que se coloquem entre tantos sóis. Mentiras se esgueiram, mesmo quando verdades as vigiem. Mesmo sob nossas reclamações, tal acontece. Numa óbvia dualidade que acaba fazendo tudo. Amor e ódio disputam quem chega primeiro em sua cansativa corrida. Escuridão e claridade revesam-se num grande mural de cores ora vivas, ora nem tanto. A paixão desenfreada e o sexo casual contam novidades entre si. Vida e morte agendam tarefas à cumprir. E enquanto isso, nós, os poetas, andamos pelo mundo do sonhos procurando prender palavras nos subterrâneos de nossas almas aflitas. 

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Ergo minha taça e faço um brinde. À todos os amores que morreram antes de nascer. Conservam em sua pálida face a inocência de dias que acabaram nunca mais vindo. Ergo minha taça e faço um brinde. À compaixão que faz os santos. É essa que surgirá entre os escombros dos prédios da maldade que um dia desabarão. Ergo minha taça e faço um brinde. Aos que tiveram toda ternura do mundo ao alcance de suas mãos. É deles o encanto imorredouro de tudo que possa significar beleza em todas as obras da natureza. Ergo minha taça e faço um brinde. À teimosia que muda a rota da história. De seus gritos vêm o despertar das consciências derrubando imbecis preconceitos. Ergo minha taça e faço um brinde. As que cantaram as canções da alma, os que dançaram a mágica do tempo, aos que gravaram nas pedras da imortalidade as mais belas lições, aos que quebraram os grilhões da cegueira e aos que calaram os rugidos dos absurdos. Ergo minha taça e faço um brinde...

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Impacientes estávamos, e muito, como jamais alguém esteve. O garçom nos trouxe o café com uma indiferença que nos causava inveja. Eu e ela, dois seres num universo de bilhões de viventes, mas um universo só nosso. Olho com estranho prazer a fumaça que sobe das xícaras e gostaria de subir como ela. Seria tão bom subir lentamente aos céus até sumir docemente. Mas estamos aqui, num café qualquer, duma rua qualquer, numa cidade qualquer, que, afinal de contas, não nos interessa nem o nome. Antes de fazer esse ato místico, sentir o café invadir minha boca, o seu aroma invade as narinas, isso é bom. Depois, sinto a invasão de sua temperatura e o gosto agradável. Não é o café de inúmeras noites insones que cambaleando procuro na garrafa solitária sobre a mesa desarrumada de meu esconderijo de solitário. O gosto é muito bom. Enquanto isso, olho a sua atitude frente a mim. Ela faz um ritual parecido com o meu, mas apenas parecido. Bebe o café como quem sorri pelo canto dos olhos, algo até um pouco parecido como quando goza. Reparo então em seu rosto bonito e, por quase um segundo o gosto da bebida quente some da minha mente. Um algo parecido como quando me deito e vou vendo os documentários no site para entreter o sono e, como num piscar de olhos, vejo que o tempo passou e nem percebi. Penso apressadamente no cigarro que daqui há pouco com certa ânsia acenderei, mesmo ruim, será bom. Chamo o garçom, pago, nos levantamos e é um prazer ter uma das mãos entrelaçadas na sua enquanto com a outra fumo. O dia está quase lindo com seu sol tardio e talvez dê até para pensar...

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Quando me lembro do passado, fico triste. Os muitos caminhos que a vida nos dá não levam à Roma, são os sonhos que interferem em nossos palpites, a maioria delas notadamente errôneos. Um segundo apenas adiantado ou atrasado tudo mudo, calma excessiva ou pressa demasiada dão o mesmo resultado. Num gesto mágico a tela liga ou é desligada, causando traumas parecidos em nossos débeis corações. Eu sou o mundo, nada sou. Carrego comigo a herança de muitas vidas em uma só e isso pode servir de consolo ou não, dependendo da ocasião. Felizes ou tristes, não importa tanto, tudo mudará. Um eterno movimento impede nosso descanso e disso não podemos escapar. Enganam-se os que pensam que a morte é a extinção benéfica de tudo o que denominamos males, a eternidade é completa, um simples gesto acaba fazendo gravações que não se apagam nas pedras de tudo o que acontece.

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