Apenas Uma Simples Crise

Há muitas chuvas!
Umas por dentro, outras por fora...
Umas boas, outras ruins...
Depende da vontade do freguês...

Vários impasses!
Decisões para se tomar
entre a verdade e a mentira...
Entre erros e acertos!

Enquanto isso...

Eu sou apenas um desesperado!
Desses tantos que andam por aí...
Abaixo minha cabeça e prossigo
Na clara inexatidão de meus desejos...

Falta-me todo o tempo!
Bato no peito e declaro minha culpa
pois eu o gastei desnecessariamente
com objetos que não poderei levar...

Não obstante...

Há muitos temporais!
Uns me acariciam, outros me batem...
E minha loucura vem me socorrer
porque certas cegueiras nos bastam...

Eu tenho tudo do nada!
Os amores ficaram pelos caminhos...
As lembranças doem muito mais
do que os tiros que não me atingiram...

A hora não chega...

Acabo perdendo o sono!
Sou apenas um contador de moedas
que coleciona pequenas futilidades
tudo aquilo que não necessito...

Onde coloquei minha máscara?
Com ela finjo a felicidade que não tenho...
Obedeço as regras que não fiz...
Como aquilo que não plantei...

Queria gritar...

Não sei coisa alguma!
Exibo a ignorância com orgulho...
Afinal de contas, sou uma ovelha
e ovelhas adoram abismos...

Fiz tantas trapaças!
Guerreei sem causa alguma...
Desprezei as regras do jogo
sem compaixão alguma...

Quando tudo se acabar...

Há muitas chuvas!
Umas amigas, outras nem tanto...
Umas cheias, outras vazias...
Depende da habilidade do pintor...

Vários impasses!
Tiros para se disparar
entre a verdade e a mentira...

Entre erros e acertos!

Enquanto isso...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).