Pistas molhadas, sim senhor
escorregadias, sim senhora
e mais nada à declarar
antes do fatal tombo...
A vida em invisíveis redes
com aquilo que não queríamos
mas foi por nossa livre escolha
influenciado por tolices...
Estados de sítio particulares
sem que quase ninguém note
e se notasse nada de mais
porque a apatia contamina...
Doces azedos, sim senhor
amargosos, sim senhora
faltando qualquer expressão
para uma tela medíocre...
Nada mais fazer por hora
que contar os segundos
como fossem grandes perdas
mas afinal nunca foram...
Uma câmera está ligada
e temos que caprichar sempre
nas poses que nós fazemos
mesmo sem sermos assim...
Razões infundadas, sim senhor
tresloucadas, sim senhora
caprichemos nos desafinos
como sempre fizemos...
Toda inutilidade é útil
e tudo irá para o lixo
mesmo que sejam motivo
de algo feito tristeza...
Alguns desastres superamos
mesmo com as fraturas
tudo pode ser esquecido
seja bom ou seja mau...
Sem educação, sim senhor
malcriado, sim senhora
as ondas vão e vêm
engolindo o que achar...
Os amores se cansam
acabam enfim adormecendo
e podem não acordar...
O sangue cai no chão
e cai docemente nos domingos
e nos outros restantes...
Bastardos inglórios, sim senhor
desafortunados, sim senhora
com um cigarro queimando
e que não demos um trago...
Eu gostaria falar de alegrias
mas elas chegam e vão
tão depressa que não deixam
nenhuma pegada na areia...
Versos marcam demais
para que falemos mentiras
por mais solenes que sejam
e por mais cruéis que são...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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