quinta-feira, 5 de setembro de 2019

In Absurdum Número 1

A imagem pode conter: 6 pessoas
espirais tonteantes assim fazem
e eu perco meus tinos dos carnavais
geralmente algo desconhecido somos
mas o pedinte se recusa acordar
faz tempo que não escrevo história alguma
e me esqueci de como lemos as horas
os violinos servem ainda de base
para os escândalos que vão explodir
nas revelações de um velho que sente frio
claros estão meus simples pedidos
a imortalidade e um palpite certeiro
são o que me bastam por enquanto
o estilista não pode escolher a sua
é engraçado que tudo perca a graça
e os baralhos acabem faltando um dia
teu sérios exemplos de batuques
que cortaram as noites nos morros
e pobres ladainhas distribuindo pães
não ria nunca mais na minha cara
em respeito aos meus pobres ossos
eu sou deleite para frias análises
com símbolos místicos e um tanto vãos
é a rotina de mecanismos orgânicos
que estão sujeitos até filósofos e sábios
os guardiões não têm mais o que guardar
e o envelhecimento precoce é a mania
que mais afeta os corações que se estarrecem
com o aquilo que nunca puderam dizer
os laços de fitas nos seus cabelos castanhos
podem ser avisos de um puro perigo
há muitas histórias e poucos ouvintes
isso faz que os caldeirões estejam vazios
quando os cães passam os gatos acabam rindo
uma excursão por cada final de semana
e a imperacidade do nosso ridículo atenta
enganou-se redondamente quem acreditou
que os quadrados algo valessem ou não
a parada na verdade nunca ficou parada
escolho o que falo no meu despropósito
há muita coisa que deveria ser coisa alguma
quero alguns chapéis e indecentes sorrisos
todas as proposições são decepcionantes
só a sordidez não nos persegue em demasia
fazem muitos anos que não quis mais nada
numa caixa vão os sonhos e os brinquedos
eu quero olhar com um tom nada discreto
não devemos poupar esforços para nada
as cidades estão desprovidas de cidadães
assim como a bondade também tem essa mania
é importante que a fila ande para a queda
o coletivo de coletivo é o individual
escapar de nós mesmos é bem difícil
sigo o conselhos dos antigos e choro
as sobras da mesa servem para o outro dia
meu instinto canino é felinamente ousado
quase tenho e quase não tenho e é o que é
na dúvida tragam-me dois ou até três
as águas passam quando menos esperamos
ainda bem que temos pelo menos alguma coisa
em um só golpe acabei com toda a dúvida
rasguei as cédulas e fiz todas elas de confete
pedimos tão pouco e ganhamos ainda menos
o som da guitarra perdeu toda sua surpresa
e mesmo assim não possuo mais sono 
o encanto e a beleza continuam brigados
e o comércio da morbidez está à pleno vapor
gostaria de ter passe livre para outros passes
perdemos o medo e acabamos nos arrependendo
em algumas pedras há muita delicadeza
e nem os famosos acabam por escapar disso
o que resta é um grande e total desconhecido
e mil e uma maneiras de fazer qualquer maneira
águas dão ótimos tetos e péssimas paredes
haveremos todos de nos encontrar um dia
mesmo que seja para um total desencontro
eu sinto muitas vertigens até quando não
não me diga mais nada porque me cansei demais

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...