terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cores

Cores. E o meu coração é feito aos pedaços como os galhos que o vento forte chicoteia sem dó algum. Assim é e assim será. Nada se pode fazer senão gritar como as folhas nos galhos em inúteis protestos antes da queda. Elas irão sempre e sempre com seu destino de morte até que sejam devolvidas para sua origem ou o fogo lhe faça subir definitivamente aos ares.
Cores. E a minha mente ensandecida com os fantasmas vivos que perambulam por aí treme de pavor. Assim é e assim será. Inevitável força de gravidade em que as águas vivem indo para mares que não conhecem. Todas elas subirão um dia e serão viajantes assim como o somos nesse palco que se chama mundo.
Cores. E a minha face vai mudando e se tornando apenas um vivente espantalho causando meus próprios sustos. Assim é e assim será. Brigamos sempre com os relógios e eles ganham a luta e ainda saem rindo da nossa cara. Hoje rimos e amanhã rirão de nós, cada um tem sua vez para subir no cadafalso e recebermos vaias ao invés de aplausos.
Cores. E as saudades batem insistentemente em minha porta até que eu abra. Assim é e assim será. O arrependimento sempre chega atrasado com sua cara lívida e nos mostra com seu deboche é mais lógicos que todos os teoremas juntos. Percorremos caminhos errados e chegamos aonde não queríamos.
Cores. E a minha inteligência acaba fazendo as tolices recomendadas nas bulas. Assim é e assim será. Humano sou entre selvas que nós mesmos construímos e que nós sobrevivemos entres seus escombros. Nada mais nos resta senão cores...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida),

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