Leia-me...
sou o grito desesperado
que só os que tiveram seus sonhos mortos
podem assim o ter...
Leia-me...
sou os passos vacilantes
de quem um dia teve toda a alegria possível
e que hoje não tem mais...
Leia-me...
sou o enigma esclarecido
preso em recordações que não voltarão mais
por estarem num tempo distante...
Leia-me...
sou o andar cadenciado
duma revolta pela paz entre os homens
e o fim de todas as guerras...
Leia-me...
sou até a rotina que escapou
do mesmismo que envenena a alma
porque enxergou belezas...
Leia-me...
sou o farol no meio do mar alto
que vem salvar os navegantes da sereia
trazendo-os ao porto seguro...
Leia-me...
sou o brinquedo do menino só
mas que nem por isso deixa de brincar
e também não deixa de rir...
Leia-me...
sou o camelô vendendo sonhos
na avenida desconhecendo o perigo dos carros
no seu afã de sobrevivência...
Leia-me...
sou o que restou em meio às mágoas
como o despertar repentino acaba pesadelos
porque a manhã já nasceu...
Leia-me...
sou as marcas muito além da pele
os olhos que enxergam além da aparência
o contentamento sem motivo...
Leia-me...
sou o grito desesperado
que só os que tiveram seus sonhos mortos
assim o terão...
Leia-me...
Que sou? A poesia...
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