domingo, 29 de setembro de 2019

Insolância

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Bati a cabeça de frente
em passos assim tão miúdos
e não podia ser diferente
ainda guardo os meus tudos

Assimétrica linha pendente
os meus pés inda são veludos
rica conversão tão premente
que não valem nem escudos

Disfarço a febre pungente
escoro em espinhos agudos
estamos em água corrente
e seus barulhos mais mudos

Relógio amarga aguardente
bebida em um áureos canudos
dispenso tal carta patente
nossos corpos estão desnudos

Não há cabelo sem o pente
sem entretantos sem contudos
existiu uma sutil serpente
dentro do arraial de Canudos

Bati a cabeça de frente
em passos assim entrudos
e não podia ser diferente
pois já joguei fora os tudos

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Foi Quase Um Dia Desses

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O tempo é aquilo que queremos, independente da ferrugem que come os metais, da intempérie que come as pedras e dos números que acabam fazendo nós em nossas mentes por meras convenções.
Não se desespere se ele parece grande demais, os segundos abatem mais presas do que possamos imaginar...
De repente, não mais que de repente, tudo toma um outro aspecto, não reconhecemos mais o que era nosso objeto de desejo, somos apenas grandes desconhecidos perambulando em lugares sombrios e mais desconhecidos ainda.
Nada mudou, apenas é mais uma ilusão, como fosse um mágico encantando sua plateia com suas mentiras...
Os rios continuam em seu passeio suicida de encontro ao mar, as fogueiras se acendem e depois acabam se apagando, todas as esperanças surgem e do mesmo modo imprevisto vão embota sem sequer olhar para trás e sem dar muito menos qualquer um adeus.
Os cantos dos passarinhos são os mesmos, só mudaram os seus fieis cantores...
Os meus planos, os nossos planos, todos eles acabaram por se tornar simples previsões de sucesso ou fracasso, dependendo do mais simples dos pontos de vista e nisso consiste toda história que acontece e que chamamos de vida.
Cada rosa é apenas uma rosa, mas ao mesmo tempo, única como nem se percebe...
Objetos e ideias são totalmente parecidos, sua mudança constante consiste em seu maior segredo, não são leis e regras que mudam, essas nunca mudam, mas o modo de enxergá-las sim, estas o são e tudo que existe acaba se tornando simples poeira.
Todas as palavras são semelhantes, mas são ditas apenas uma vez, o não conhecer tal coisa acaba nos entorpecendo...
Aquilo que durante eras e eras incontáveis não percebemos, acaba se tornando o que há de mais notável, a roda da história assemelha-se à uma roleta russa onde, na verdade, não foram tiradas quase todas as balas, somente uma foi tirada.
As cores são falsas percepções, até o preto-e-branco possui um exuberante colorido se necessário...
Não nos preocupemos com tais coisas, o começo, o meio e o fim são apenas pontos de vista, nada mais que isso, os ciclos vão se repetindo indefinidamente e isso é o que consiste o grande infinito que se passa sem precisar que alguém o observe.
Manhãs quentes ou madrugadas frias são apenas aquilo que sempre foram...
A maior resistência que podemos fazer é apenas uma: viver como se todo o tempo do mundo foi apenas um segundo impregnado de toda eternidade possível, esperando que os sonhos cheguem e, se isso não acontecer, valeu ter esperado.
Eu era apenas um menino, foi quase um dia desses, ainda continuo sendo...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 28 de setembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 31

triste solitário menino sentado no banco dentro de o parque de ...
cansado de tudo
cansado
cansado de mim
cansado de você
cansado de todos nós
cansado
cansados dos passos bobos
entre ruas vadias 
dessa nossa velha cidade
cansado sem cálculos
e nem objeções
como um camaleão 
que perdeu a cor
sem achar mais graça
pra poder rir da piada
e com o choro esgotado
não tinha mais
no mercado que eu fui
cansado como os loucos
e como os sãos
por falar nisso...

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viver entre águas muitas
nascer de um chão
entre fogo e água
caprichem nos quatro
e agora está tudo pronto
nada mais restará
a não ser grãos voando
pela imensidão
de um espaço qualquer
é assim e assim será
aproveitemos as danças
enquanto pudermos

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um corpo em outro corpo
assim vamos nós
uma alma em outra alma
nem sempre acontece
mas mesmo assim tentemos
o encanto está em tentar
andamos em direção
ao abismo mais profundo
e talvez até voemos

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chuva na madrugada
parece um choro antigo
e eu sentado na calçada
molhado e sem abrigo
desconsolo-me até quando
não poder nada mais
e então vou caminhando
deixando mágoas para trás...

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os sete cavaleiros andam juntos
procurando infinitamente aventuras
sempre estão lado-à-lado
mas pois que não se encontram
por onde é que eles andam?
por terras quase que infinitas
o que estarão fazendo agora?
estão vivendo e ao mesmo tempo
vão morrendo como quase tudo
aos homens cabem olhá-los
e fazer disso sua felicidade ou não
quem poderá saber ao certo?
só que os pariu - o tempo...

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compreenda-se de uma vez por todas
a maior lição de todas as lições
algumas coisas são deveras egoístas
e andam com seus braços dados
quando caem acabam caindo juntas
é a simples força da gravidade agindo
a matemática é uma transcendência
como qualquer uma outra qualquer
mas o amor...
esse não... nada o impede... nada detém...
quando muitos os sonhos o acompanham
e outras vezes convida e a tristeza vem
e esta vem logo porque é apressada...

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profundamente
eu me calava em dias cinzas
desesperadamente
eu queria as nuvens lá de cima
apressadamente
esperava os sonhos que não vieram
tristemente
chutava pedrinhas e latas por aí
agonizantemente 
não espero repetir certas alegrias
e o destino continua dando suas cartas...

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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Presságio

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Sinto em mim uma tonteira,
um negócio estranho meio assim,
eu conto os dias feito umas moedas
do mendigo que quer comprar seu pão...

Nuvens escuras cobrem o céu,
as poucas aves que voam soturnas
parecem negras, parecem todas elas,
meu coração parece mais um palco vazio...

Espero às vezes coisas ruins,
que se escondem entre meus sonhos,
não há como se negar que tristeza e alegria
vivem todas embaralhadas num jogo qualquer...

Tudo agora me parece invertido,
como a pobre figura refletida num espelho,
espero um dia a ascensão para além das nuvens,
mesmo duvidando que isso poderá enfim acontecer...

O mal do nosso desgraçado século
é a mistura de todas as catástrofes numa só
e mesmo que os passarinhos caprichem no seu canto
faltam alguns ouvidos sinceros para poder escutar...

Não quero o mal de pessoa alguma, 
mas as decisões de cada um são as suas,
cavar a nossa cova é o nosso próprio ofício,
já o nosso epitáfio depende de quem o vai fazer...

Sinto em mim um presságio,
um negócio estranho meio assim,
eu conto os dias feito umas moedas
como quem vai morrer por culpa da paixão...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Entes

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
Serpentes
latentes
parentes
todo cuidado é pouco
todo gritado é rouco
é o caos escolhido
vivido e não-vivido
sem sentido

Ardentes
ausentes
sementes
toda distância é lembrada
toda ânsia é esperada
é a cidade em chamas
são todos os programas
pobre de quem amas

Carentes
valentes
dormentes
toda justiça é injusta
toda preguiça assusta
vamos ler a bula
a mega sena acumula
o resto é só gula

(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida),

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 30

Quimera – Wikipédia, a enciclopédia livre
teus olhos
violentos são
e não há mais chuva
do que isso
mesmo sob sol
tua pele
ninho de serpentes
onde coloquei 
minha cabeça
para descanso
teu gosto
abismo pronto
para que caia
e nunca mais possa
sair de lá

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esperar a espera
esperar a fera
esperar a quimera

esperar esperar e esperar...

fugir da fuga
fugir da ruga
fugir na madruga

fugir e fugir e fugir...

cantar a canção
cantar a emoção
cantar a razão

cantar e cantar e cantar

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as margaridas são felizes
um anjo gosta delas
os manacás são felizes
um anjo gosta deles
e o céu esta hora
está cheinho de margaridas
e manacás por lá
e os outros anjos regam-nos
para que fiquem bem bonitos...

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sou tão moderno quanto os antigos
tudo é uma modernidade decadente
sou tão malvado quanto os anjos
todas as paixões tem um quê de abismo
Sou tão sensato quanto os loucos
e nisso consiste minha tábua de salvação
sou tão arisco como um regato
que mesmo calmo não pára de andar
sou o que sou o limitado universo
que não conhece nenhuma limitação

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minha madruguice 
não possui limites
escuto os galos que acordam
os passarinhos limpam a garganta
para seu afã que não pára
minha madruguice
não mede esforços
pedindo que os dias sejam bons
mesmo sabendo que lá fora
a loucura dos homens não pára

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fatídicos instantes aqueles
que meu sonho deixou-me só
inebriante desejo de você
um quase que impossível
choro um choro sem lágrimas
em que a poeira 
faz quase parte de mim...

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há várias guerras sendo travadas
umas rudes e de cores bem fortes
outras mais sutis e quase invisíveis
não devemos nos enganar nunca
nenhuma delas vale a pena
a única guerra válida é a pela paz...

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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 29

Menino preocupado foto de stock. Imagem de dolor, cuidadoso - 13433430
não conheço cenas bucólicas
nem o arcadismo dos poetas de ontem
os tempos são outros
tempos em que a nudez mascara as cores
e somos todos secos sob nosso verniz
um verniz de modernidade que enoja
somos tão velhos quanto antes
nossa tecnologia é obsoleta
e ainda mentimos do mesmo jeito
somos preconceituosos como sempre
e talvez um pouco mais mal-educados
mas o que importa isso?
a única diferença é que nos engoliram
um pouco mais do tempo que tivemos...

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começa o começo
com cara de fim
apraz o apreço
talvez seja assim
adere o adereço
até um jardim

tenho indo na impermanência dos dias
como quem masca seus chicletes

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eu faço desesperos à granel
e nem olho mais para o céu
não sei mais o que seria bom
mas a saudade incomoda
escutarmos qualquer um som
é a nossa mais nova moda
o mundo é um grande cassino
onde jogamos nosso desatino
não sei mais o que seria mal
minha saudade é carnaval

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a imaginação me comando
e eu vejo ilusões o tempo todo
gostaria apenas a calma
dos dias mais que mornos
onde nem a tristeza 
nem a alegria brigam entre si
e na posição da flor-de-lótus
apenas pensaria que penso...

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o óbvio é o mais cansativo dos afãs...
onde vamos é aonde enfim estaremos...
a saudade sempre nos deixa suas marcas...
o meu desespero tem suas convicções...
o vento e suas folhas é música para meus ouvidos...
algum cão solitário ladra em noites eternas...
o absurdo nem sempre é má companhia...
estamos sempre com nossos apetites...
os gostos e os modismos vão embora...
chuvas e sóis pertencem ao mesmo clube...
necessidades básicas nem sempre têm base...
o espelho faz mais caretas do que eu...
fico indeciso em cada passo ou não...
as quimeras são semelhantes sempre...
às vezes tenho raiva de minha calma...
os sonhos comem nosso tempo e é só...

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o ás na manga
a roda da vida
tenho saudades
quero guarida
a minha ilusão
é uma descida
não me doeu
deixou ferida
uma cartada
é só a vida

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para não ver a tristeza fecho os olhos
mas as cenas permanecem pela alma
para não ver a dor de todas as pessoas
acabo virando para o lado da parede
para não ver o que fazem de maldade
finjo que essas coisas não são minhas
para não ver que tudo está tão errado
dou uma de idiota mesmo não sendo
para não ver que eu sou mais um canalha
peço desculpas dizendo que sou humano

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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cores

Cores. E o meu coração é feito aos pedaços como os galhos que o vento forte chicoteia sem dó algum. Assim é e assim será. Nada se pode fazer senão gritar como as folhas nos galhos em inúteis protestos antes da queda. Elas irão sempre e sempre com seu destino de morte até que sejam devolvidas para sua origem ou o fogo lhe faça subir definitivamente aos ares.
Cores. E a minha mente ensandecida com os fantasmas vivos que perambulam por aí treme de pavor. Assim é e assim será. Inevitável força de gravidade em que as águas vivem indo para mares que não conhecem. Todas elas subirão um dia e serão viajantes assim como o somos nesse palco que se chama mundo.
Cores. E a minha face vai mudando e se tornando apenas um vivente espantalho causando meus próprios sustos. Assim é e assim será. Brigamos sempre com os relógios e eles ganham a luta e ainda saem rindo da nossa cara. Hoje rimos e amanhã rirão de nós, cada um tem sua vez para subir no cadafalso e recebermos vaias ao invés de aplausos.
Cores. E as saudades batem insistentemente em minha porta até que eu abra. Assim é e assim será. O arrependimento sempre chega atrasado com sua cara lívida e nos mostra com seu deboche é mais lógicos que todos os teoremas juntos. Percorremos caminhos errados e chegamos aonde não queríamos.
Cores. E a minha inteligência acaba fazendo as tolices recomendadas nas bulas. Assim é e assim será. Humano sou entre selvas que nós mesmos construímos e que nós sobrevivemos entres seus escombros. Nada mais nos resta senão cores...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida),

Urbanidade Número 3 ou Onde Estamos?

Imagem relacionada
Onde estou neste momento
se não sei distinguir qual elemento
compõe essa mixórdia desvalida
que alguns chamam de vida?

Estou perdido e achado
tenho corrido parado...

Onde estão meus velhos tédios
estarão por sobre os prédios
esperando que ninguém note
como a cobra ao dar o bote?

Estou perdido e achado
tenho sorrido e chorado...

Onde estão as minhas manias
todas elas em perfeitas sintonias
eu não sei e nem nada mais acho
se tudo já desce de goela abaixo?

Estou perdido e achado
tenho mordido e assoprado...

Onde estão as minhas manhas
que corroem as minhas entranhas
queimando que nem um fogo
quando todos roubam nesse jogo?

Estou perdido e achado
tenho partido e colado...

Onde estamos todos nós afinal
se amanhã será sempre carnaval
compondo essa mixórdia desvalida
que alguns chamam de vida?

Estou perdido e achado
tenho morrido e acordado...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?"  de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Uma Cena

a cena se transforma em tudo ou nada
de acordo com os que os olhos mandam
total luz de um dia desses bem aflito
onde o movimento fala mais que as palavras
ou a mansidão feroz de uma madrugada
que arma suas armadilhas uma por uma
é visão fotografada em vários pixels
ou num arquivo empoeirado de memória
onde testemunhas dormem um sono lento
eu pesadelo tu pesadelas ele pesadela
todos nós pesadelamos na infinitade
sua natureza é quase desconhecida
em três termos que afinal são os mesmos
já enlouqueci por vários dias e dias
por saber que tudo vai dar no mesmo mar
preto-branco e colorido assim o é
e os gestos acabam sendo os responsáveis
pelo nosso ridículo ou sucesso total
tudo exposto ou tudo escondido
o alvo continua sendo o mesmo
a flecha atingiu direto em nosso coração
e mesmo assim continuamos quase vivos
mesmo quando abaixamos nossas cabeças
o tempo vai marchando e destruindo mentiras
a doença forja todas as correntes
e a morte é o saqueador de tudo que temos
a terra tem o apetite mais voraz de todos
mas nunca conheceu o que é paladar
a magia da simplicidade supera todas outras
e a ternura carrega pedras incontáveis
a cena se transforma em tudo ou nada...


(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome Número 28

Menino preocupado com a mão na cabeça, segurando o relógio branco ...
me dê alguns momentos
no máximo um minuto
para corrigir as besteiras que falei
congele uma cena
apenas uma só
naquela que seu carinho é eterno
apareço por aqui
qualquer dia desses
e mostre que a felicidade é inesperado

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muitas mentiras são sábias
a solidão nem sempre é bem vinda
morrer pode ser até bom
mas queremos viver chorando 
há desastres onde não esperamos
mas tudo acaba em piada
mais filosofia em certas ironias
e mesmo acertando errando vamos
gostaria de descobrir novos segredos
mas isso tiraria mais ainda o sono

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todo trágico
tem algo de simples
e toda novidade
já era esperada
tudo é como antes
não insistam por favor
o envelhecimento segue
bem de perto qualquer coisa


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nem sempre saio machucado
com os desamores que me atacam
decepção repetida vira rotina...
nem sempre fico desolado
quando a solidão me envolve
é marca do destino ir e vir assim...
nem sempre os pensamentos fazem sentido
pois a loucura também tem seu encanto
as estrelas do céu que o diga....

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não qu'eu queira
não qu'eu possa
a saudade inteira
a saudade é nossa!

não qu'eu faça
não qu'eu possa
a vida faz trapaça
a partida é nossa!

cansados estamos 
mas jogamos...

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estalo dedos e saem faíscas
é apenas questão de estilo
penso em nadas que preenchem
a mente já cansada
tudo no mundo quase passa
os nossos sonhos são teimosos
sob a casca do ferimento
ainda persistem as cicatrizes

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novas danças 
danças antigas
reparem bem
o que se há de esperar
o tempo é uma roda
e nela se colocarmos os olhos
nos enganaremos
com toda a certeza
os velhos erros 
vão se repetindo
e as velhas mentiras
nunca se descansam

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sábado, 14 de setembro de 2019

Leia-Me

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Leia-me...
sou o grito desesperado
que só os que tiveram seus sonhos mortos
podem assim o ter...

Leia-me...
sou os passos vacilantes
de quem um dia teve toda a alegria possível
e que hoje não tem mais...

Leia-me...
sou o enigma esclarecido
preso em recordações que não voltarão mais
por estarem num tempo distante...

Leia-me...
sou o andar cadenciado
duma revolta pela paz entre os homens
e o fim de todas as guerras...

Leia-me...
sou até a rotina que escapou
do mesmismo que envenena a alma
porque enxergou belezas...

Leia-me...
sou o farol no meio do mar alto
que vem salvar os navegantes da sereia
trazendo-os ao porto seguro...

Leia-me...
sou o brinquedo do menino só
mas que nem por isso deixa de brincar
e também não deixa de rir...

Leia-me...
sou o camelô vendendo sonhos
na avenida desconhecendo o perigo dos carros
no seu afã de sobrevivência...

Leia-me...
sou o que restou em meio às mágoas
como o despertar repentino acaba pesadelos
porque a manhã já nasceu...

Leia-me...
sou as marcas muito além da pele
os olhos que enxergam além da aparência
o contentamento sem motivo...

Leia-me...
sou o grito desesperado
que só os que tiveram seus sonhos mortos
assim o terão...

Leia-me...
Que sou? A poesia...

Suavemente

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Eu fiz uma mortalha para meus sonhos
e os cobri suavemente...

Como folhas caídas
tal batalhas perdidas
muitas e muitas vidas...

Eu cavei algumas covas para meus amores
e lá os deixei suavemente...

São segredos disfarçados
os meus medos aumentados
poeira para todos os lados...

Eu peguei a rosa e não notei o espinho
e ele me feriu suavemente...

Mestre da covardia
faço da noite meu dia
esqueço dessa agonia...

De tanto desespero saí por aí sozinho
e acabei caindo suavemente...

Caminhando pelo mundo
sou apenas um vagabundo
fraco e quase moribundo...

Eu vi cansado e assim ainda estou
e dormi até suavemente,,,

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...