Sombra malina, inexata,
Que passa voando e me assombrando,
Com o gosto dos lábios de Renata,
Que nunca me beijou mesmo beijando.
Asa de um azar, fantasmagórica,
De tempos todos maus e agora idos,
Eu quero poder esquecer os tempos idos
Com essa minha alegria quase eufórica.
Fantasma que ainda habita em mim,
Como restos de uma cidade bombardeada,
Eu bem sei que os planos deram em nada,
Planta daninha crescida em meu jardim.
Eu botarei a cabeça no travesseiro,
Ajeitar a coberta e deitar assim de lado,
Quero uma noite sem sonhos, sono pesado,
Se não serei o último, fui o primeiro...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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