E o rei Nud fazia nudes em rede televisiva
Enquanto Iara enchia a cara de licores subversivos
Que Dulce vendia em seu bar (que Deus a tenha)
A pele rosada do velho Elohim que o diga...
Eu cá como sempre uso minhas roupas rasgadas
Em anos já anulados em tempestades tropicais
Assim determinadas por assírios e babilônios
Que acabaram de chegar do santuário da Tijuca...
Vamos ver desenhos pornográficos mais modernos
Aonde um moralismo da podre extrema-direita
Acaba torturando de forma constante e contínua
Seu pobre pênis que está sob a calça jeans...
As asas da insanidade vaguearam em labirintos
Enquanto cientistas descobriram novos sintomas
Para que o temível complexo de Golgi
Se transforme na nova idade dos dias de hoje...
As bruxas de Salem comiam testículos de aveia
Enquanto bebiam cervejas de filés de peixe
E faziam pinturas na parede com angu quente
Mostrando cores novas ao velho cego...
Não existe nem A e nem B no idioma camoniano
Que a imperatriz deixou cair da carruagem
Enquanto tinha pressa para ver a demolição
De meu velho coração que está quase tísico...
Enquanto o otimismo exagerado usa fraldas
O pobre acaba servindo de alvo vivente
Para que o playboy de alta classe média
Se divirta enchendo suas narinas de pó...
Os pôneis calmamente vociferam maldições
Enquanto as sardinhas dormem decapitadas
Em seus caixões de metal mais coloridos
Sonhos distantes para quem quer um fogareiro...
Mente insana em corpo mais insano ainda
Os cães agora dormem por compromisso
Enquanto os tempos apagam fogueiras extintas
E as suas cinzas servidas no café da manhã...
Os fantasmas se deleitam com doces de leite
Enquanto Gumercindos e Fredericos fixam
Leves canções por mais sujas calçadas
E as botinas marcham sem seus soldados...
Estamos felizes com os zunidos das flechas
Enquanto mamões pendurados desafiam
Carneiros que passaram por breve tosquia
E os donos dos dicionários mastigam capim...
No sanatório municipal havia casos detectados
Da mais pura e hostil sanidade possível
Colocando em risco os neuróticos doutores
Que mastigavam gardênias com absinto...
Moro num país subtropical amaldiçoado
Enquanto os cães lambem a pata se aprontando
Para seus discursos usuais e filosóficos
E batatas são assadas na água mineral...
Os pelicanos agora vão ao seu dentista
Repartir fraternalmente seu pão de cada dia
E discutir como Sartre conseguiu ventanas
Para o gênio que mora na garrafa de cachaça...
A bruxa toma conhaque com aspirina
Enquanto varremos as paredes da necrópole
E o poeta de cordel traz biscoitos de polvilho
Para o festival de cinema nom sense...
O garotão gigante dos bailes de beira de praia
Faz seus programas pela internet
Enquanto dá seu testemunho na igreja local
Sobre como da podridão humana vale mais...
No fim daquele beco existe uma casa
Que não tem encabulação nenhuma de dizer
Que não usaram cimento para construi-la
Já que desabar faz parte do seu primeiro ato...
O velho pedinte ganhou um soco da cara
E ainda sorriu quando perdeu seus dentes
Enquanto caía na merda dentro do shopping...
Um vídeo viralizou nas redes sociais
O romance insólito entre uma cascavel
E um hipopótamo criado em aquário
Que falava fluentemente em francês arcaico...
Nas montanhas geladas do estado do Texas
Surgiu uma sensacional rede de fast food
Onde são servidos hambúrgueres de castor
Ao som de jazz russo com requintes de valsa...
Na hora do instante fatal um mudo gritou
Que queria comer amendoim empanado
Com molho de perfume de múmias coptas
Sobre um sol escaldante de meia-noite...
A mula mancou incontáveis vezes
Enquanto comia tranquilamente bacalhau
Entre o bando de velhas cotovias
Cobertas de serragem vinda de Madagascar...
O vírus entrou logo na fila da vacina
Preocupado que estava com a saúde
Desde os tempos passados e imemoriais
Quando nem sabia que era o que era...
A grande peleja continua e continuará
Com sua fiel assistências de moscas
No bar mais infecto do pior dos lugares
Entre o infeliz Bob e a triste Marcela...
(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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