quinta-feira, 20 de junho de 2024

A Eterna Luta Entre Bob Abóbora d"Água e Marcela Quase Nada ou O Pelicano no Dentista

E o rei Nud fazia nudes em rede televisiva

Enquanto Iara enchia a cara de licores subversivos

Que Dulce vendia em seu bar (que Deus a tenha)

A pele rosada do velho Elohim que o diga...

Eu cá como sempre uso minhas roupas rasgadas

Em anos já anulados em tempestades tropicais

Assim determinadas por assírios e babilônios

Que acabaram de chegar do santuário da Tijuca...

Vamos ver desenhos pornográficos mais modernos

Aonde um moralismo da podre extrema-direita

Acaba torturando de forma constante e contínua

Seu pobre pênis que está sob a calça jeans...

As asas da insanidade vaguearam em labirintos

Enquanto cientistas descobriram novos sintomas

Para que o temível complexo de Golgi 

Se transforme na nova idade dos dias de hoje...

As bruxas de Salem comiam testículos de aveia

Enquanto bebiam cervejas de filés de peixe

E faziam pinturas na parede com angu quente

Mostrando cores novas ao velho cego...

Não existe nem A e nem B no idioma camoniano

Que a imperatriz deixou cair da carruagem

Enquanto tinha pressa para ver a demolição

De meu velho coração que está quase tísico...

Enquanto o otimismo exagerado usa fraldas

O pobre acaba servindo de alvo vivente

Para que o playboy de alta classe média

Se divirta enchendo suas narinas de pó...

Os pôneis calmamente vociferam maldições

Enquanto as sardinhas dormem decapitadas

Em seus caixões de metal mais coloridos

Sonhos distantes para quem quer um fogareiro...

Mente insana em corpo mais insano ainda

Os cães agora dormem por compromisso

Enquanto os tempos apagam fogueiras extintas

E as suas cinzas servidas no café da manhã...

Os fantasmas se deleitam com doces de leite

Enquanto Gumercindos e Fredericos fixam

Leves canções por mais sujas calçadas

E as botinas marcham sem seus soldados...

Estamos felizes com os zunidos das flechas

Enquanto mamões pendurados desafiam

Carneiros que passaram por breve tosquia

E os donos dos dicionários mastigam capim...

No sanatório municipal havia casos detectados

Da mais pura e hostil sanidade possível

Colocando em risco os neuróticos doutores

Que mastigavam gardênias com absinto...

Moro num país subtropical amaldiçoado

Enquanto os cães lambem a pata se aprontando

Para seus discursos usuais e filosóficos

E batatas são assadas na água mineral...

Os pelicanos agora vão ao seu dentista

Repartir fraternalmente seu pão de cada dia

E discutir como Sartre conseguiu ventanas

Para o gênio que mora na garrafa de cachaça...

A bruxa toma conhaque com aspirina

Enquanto varremos as paredes da necrópole

E o poeta de cordel traz biscoitos de polvilho

Para o festival de cinema nom sense...

O garotão gigante dos bailes de beira de praia

Faz seus programas pela internet 

Enquanto dá seu testemunho na igreja local

Sobre como da podridão humana vale mais...

No fim daquele beco existe uma casa

Que não tem encabulação nenhuma de dizer

Que não usaram cimento para construi-la

Já que desabar faz parte do seu primeiro ato...

O velho pedinte ganhou um soco da cara

E ainda sorriu quando perdeu seus dentes

Enquanto caía na merda dentro do shopping...

Um vídeo viralizou nas redes sociais

O romance insólito entre uma cascavel

E um hipopótamo criado em aquário

Que falava fluentemente em francês arcaico...

Nas montanhas geladas do estado do Texas

Surgiu uma sensacional rede de fast food

Onde são servidos hambúrgueres de castor

Ao som de jazz russo com requintes de valsa...

Na hora do instante fatal um mudo gritou

Que queria comer amendoim empanado

Com molho de perfume de múmias coptas

Sobre um sol escaldante de meia-noite...

A mula mancou incontáveis vezes 

Enquanto comia tranquilamente bacalhau

Entre o bando de velhas cotovias

Cobertas de serragem vinda de Madagascar...

O vírus entrou logo na fila da vacina

Preocupado que estava com a saúde

Desde os tempos passados e imemoriais

Quando nem sabia que era o que era...

A grande peleja continua e continuará

Com sua fiel assistências de moscas

No bar mais infecto do pior dos lugares

Entre o infeliz Bob e a triste Marcela...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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