quarta-feira, 26 de junho de 2024

Rasgando Batons (Poesia Experimental 4)

Beba aí...

Até a boca ficar quase torta

Até a alegria se sentir morta

Um soluço aqui lá no meio

O que é bonito pode ser feio

O javali morreu em Zanzibar

Ela sambou em cima do altar

Coxinhas ofertadas e oferendas

Verdades são somente lendas

Um dedo de poesia mais a prosa

Quem não gozava agora goza

Quanto mais simples complica

Belos olhos verdes da Chica

Todo sonho já vem programado

A vida é aborto que deu errado

Somos menos que saltimbancos

Montamos em ginetes todos mancos

Cada vai comendo o que pode

Calcei meus sapatinhos de bode

Desenhou no papel pardo o Catatau

A tristeza veio chegando no carnaval

Ela escondeu seu segredo sob a saia

E foi acender a vela lá na praia

Só queremos teorias mais absurdas

Com ouvidos cegos e mãos surdas

Papel e lápis aqui para o jumento

Quem toca a clarineta é o vento

Qualquer engano agora nos seduz

E o maior desespero é a falta de luz

Bombaim fica na fronteira do Canadá

Não consigo dormir nem aqui e nem lá

O melhor pão é o que foi comido

E o pior dos amores é que foi devolvido

O nosso amor vai ser sob as cobertas

Com portas fechadas e janelas abertas

Rasgar os céus é como rasgar batons

Eu quero o amor em todos os tons

Beba aí...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...