Meus olhos estão em cena, apenas isso
De resto meus ouvidos funcionam, quando quero
(O silêncio acaba sendo o melhor dos disfarces)
Manhãs quase frias agora são bem-vindas
Eu quis ser o herói do dia, apenas o herói
Mas não tinha capa e nem asas, nenhuma delas
(Nem sempre o medo vem junto com a covardia)
Alguns pequenos gestos precisam de força
Tentei quase agora quebrar uma pedra, uma só
A genética nos apronta, a estatística também
(O faraó está cansado de tanto descansar)
Somos as cobaias mais inteligentes que existem
Só caminhos tortuosos chegam, alguns não
O nosso choro é feito mar, a mesma água
(Ainda é melhor do que ser um deserto)
Já nascemos desse jeito e não escapamos
Meus olhos estão em cena, apenas isso...
(Extraído do livro "Águas de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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