Se cheguei atrasado, não há problema...
Não se trata de desistência, mas é o destino...
O destino não me quis seu par, não quis...
Teria sido bom ressuscitar tardes, teria sido...
Mas os cadáveres delas estão quietos, estão...
Não se deve mexer com certos mortos, nunca...
Poderia ter sido tão normal e bonito, muito...
As brigas comuns de qualquer casal, um lar...
E a bagunça maravilhosa das crianças, nossas...
As preocupações que são o dia-a-dia, normais...
Mas o tempo nos marca sempre, sua lâmina...
E o sangue escorre mesmo inexistente, invisível...
Nós na cama depois de um dia, um infinito...
Os teus gemidos de alguma tesão, os meus também...
O que nos move (nem sei o quê), não quis, não...
Pois atravessarei a ponte para outras terras, só...
Provando outros diferentes gostos, tão diferentes...
Não importo com que falem, não tem importância...
A dor quando é demais acaba acabando, normal...
Só não abrirei mão desses carnavais, são tantos...
Mesmo que o tanto acabe logo, morreu meu medo...
Em cada frase minha uma sentença, boa ou ,má...
Uma moeda resta em meu bolso, apenas mais uma...
Uma poesia canalha e insistente, muitas são...
Um medo de cair da escada, mas vontade de subir...
Como um pregador pregando na praça, um descrente...
Se cheguei atrasado, não há problema algum...
Nem eu e nem você tivemos culpa, não tivemos...
Que o garçom traga outra bebida, uma mais forte...
Eu espero que toquem um outro tango, novamente...
Escolhendo sem tristeza um outro par, um outro...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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