Eu sou o grande autor das minhas merdas
Eu mesmo provoquei estes amores impossíveis
Que castigam como entupimento na mitral
Não deram certo os meus planos infalíveis
Eu não aceitei avisos e dancei sob o temporal...
Eu sou mais um dos muitos estraga-prazeres
Contei mesmo os todos segredos que não tinha
Pensei que todos os dias seriam um carnaval
Não lembrei que o trem passava sobre a linha
E que cada um dos desejos pode ser marginal...
Eu abominei todas regras de qualquer estética
Falei palavras que nunca poderiam ser ditas
Acabei partindo para sempre do meu quintal
Repeti todas as rimas: as santas e as malditas
E nem ao menos pude perceber qual era a qual...
Eu olhei na direção oposta a que vinha a alegria
Os maiores contentamentos são os mais pequenos
É isto que manda aquela regra mais que geral
O poeta vai indo beber todos os seus venenos
Até que não exista mais nenhum poema autoral...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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