domingo, 9 de junho de 2024

Autoral

Eu sou o grande autor das minhas merdas

Eu mesmo provoquei estes amores impossíveis

Que castigam como entupimento na mitral

Não deram certo os meus planos infalíveis

Eu não aceitei avisos e dancei sob o temporal...


Eu sou mais um dos muitos estraga-prazeres

Contei mesmo os todos segredos que não tinha

Pensei que todos os dias seriam um carnaval

Não lembrei que o trem passava sobre a linha

E que cada um dos desejos pode ser marginal...


Eu abominei todas regras de qualquer estética

Falei palavras que nunca poderiam ser ditas

Acabei partindo para sempre do meu quintal

Repeti todas as rimas: as santas e as malditas

E nem ao menos pude perceber qual era a qual...


Eu olhei na direção oposta a que vinha a alegria

Os maiores contentamentos são os mais pequenos

É isto que manda aquela regra mais que geral

O poeta vai indo beber todos os seus venenos

Até que não exista mais nenhum poema autoral...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 300

Estações mais loucas, sim, mais loucas. Em que o poeta não tinha nada ou nada tinha, bem menos que hoje, quando mesmo o calor era frio... Mu...