quarta-feira, 19 de junho de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 271

Explosão total das estrelas, não te mereço. Não mereço o indulto na hora da execução e nem a última refeição do condenado. Sequer tenho direito ao último amanhecer antes que a terra me coma. Mistura de todas as cores possíveis, não te mereço. Não mereço o direito da dúvida que salva o réu e nem defesa alguma nessa trama. Eu sou o condenado quanto tantos outros nesse palco armadilha. Mas se quiseres fazer minha última vontade, deposita aquele beijo mortal que só as serpentes podem dar...


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A inocência vence dragões, vence sim! Ela sobe em seu dorso e lhe dá ordens para que galope sobre as nuvens enquanto ri dos raios do sol. A ternura supera a dor, supera sim! Espanta a tristeza e o medo no primeiro sorriso que brote em seu semblante e faz esquecer as sombras que percorrem o mundo. O sonho ultrapassa a maldade, ultrapassa sim! Todos os sonhos são bons, todos eles, desde a vontade de construir castelos até colher algumas flores para os cabelos dela. O amor vence tudo que há, tudo de uma vez! Mesmo quando tem o maior adversário, que é si mesmo...


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Somos filhos de uma guerra que não acaba nunca. De uma guerra quase invisível feita de canalhas, para canalhas, por canalhas. Somos acumuladores do lixo que nos mata sem percebermos. O lixo da inveja vã, o lixo do que não precisamos, o lixo do que nunca iremos ter. Somos idiotas com seus diplomas de papel sujo. Neles estão declarados nossa apatia, nossa preocupação pelo que não existe, nossa meta de nos aniquilarmos qualquer dia destes. Somos monstros saindo dos escombros de uma guerra. Guerra de todos os dias, guerra de muitos nuances, não declarada e sem trégua alguma. Pasmem! Somos humanos...


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Logo, logo vai dar seis da manhã? O que vai acontecer? O que acontecerá? Enquanto alguns seres (pássaros noturnos) ainda irão dormir, esquecendo-se de tantas sortilégios feitos sob as sombras da quase noite passada, outros (também pássaros) irão forçosamente sair de suas camas atrás do pão que talvez não comam. Mais que entre eles, surge alguém diferente, os poetas quase insones que esperam algumas notas dos primeiros pássaros do dia e alguns raios de sol que invadam sua pobre janela...


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Letra tirada de um poema meu, escrito em nuvens, nem tão claras, nem tão escuras, somente nuvens. Música que mesmo que nos engane, nos satisfaz com alguma emoção. Quero senti-la mais do que as palavras de amor que rabisquei em vagabundas paredes e que acabei apagando por simples medo. Todos temos medo em alguma hora e em alguma ocasião. O desamor nem sempre fere, mas o deboche sim...


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Deixa eu esfregar meus pobres olhos tão cansados, ainda não acredito que existes, és só uma miragem no meio do deserto que ainda me encontro nesse exato momento. Belisca minhas carnes (pobres carnes) com tuas unhas felinas, tenho que saber se isto não é mais um daqueles sonhos que depois de sonhados continuam doendo até que esqueçamos no meio da tarde. Grita no meu ouvido, me dê um susto, como quem tenta curar um soluço que pode até nos matar na sua persistência. Não existes, tua beleza é fruto da pobre imaginação como daquele menino que sonhava com tantos doces que nunca comeu...


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Relógio velho, não se desespere se os segundos sumiram feitos cores esmaecidas, não chore se os minutos pararam de brincar sem seu mostrador. Também não se entristeça se as horas pararam de bailar em seu corpo. Se os dias viraram as costas e não querem mais o seu registro pontual. Tua lembrança do tempo que foste ao mesmo tempo escravo e senhor, já basta. Olha para mim, meu caso é bem mais grave, tenho a imortalidade de muitos sóis, mas não posso mandar em nada...


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Quando eu morrer cante algo bem antigo e engraçado. Afinal de contas, menti quase sempre, a vida foi povoada de mais risos do que de choros. Eu que acabei não percebendo. Bebam toda cerveja que houver no barzinho de frente ao cemitério. Comemorem que, apesar do esquecimento que poderá vir, a mesquinharia das minhas necessidades e dos horários que não fiz, não me atingirão nunca mais. Serei apenas mais um morto, escondido sob a terra que agora comerá o que é seu e que sempre reclamou de volta... 

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