quarta-feira, 27 de março de 2024

Quebraram O Papel

Quebraram o papel em mil pedaços

Tornaram-lhe um espelho de vaidades

Um espelho cheio de defeitos e caricaturas

Onde dizer o que não acontece ou não é

Vale muito mais do que a imaginação...


Rasgaram as pedras como doces

Ofendendo o popular também o erudito

Com as promessas vãs do tolo ego

Esquecendo que o tempo come quase tudo

Até o pobre do lirismo tornou-se enlatado...


Sequestraram todas nuvens que haviam

Para delas fazer meias feias da moda

Vamos obedecer a receita do programa

Vou acreditar em mentiras mais lógicas

E vamos nos transformar em mentirosos...


Palavras proibidas temos aos montes

Falar de nossas dores agora é censurado

Viramos os clowns de um circo vazio

Onde desejamos palmas mais irônicas

Até que a morte consuma qualquer um...


A máquina veio com defeito de fábrica

A água veio com muita sede no copo

A fome queria apenas comer a si mesma

E todas as necessidades vitais aumentadas

Porque agora a simplicidade não existe...


Quebraram o papel em mil pedaços

E nem perceberam o fogo lá na floresta...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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