Quebraram o papel em mil pedaços
Tornaram-lhe um espelho de vaidades
Um espelho cheio de defeitos e caricaturas
Onde dizer o que não acontece ou não é
Vale muito mais do que a imaginação...
Rasgaram as pedras como doces
Ofendendo o popular também o erudito
Com as promessas vãs do tolo ego
Esquecendo que o tempo come quase tudo
Até o pobre do lirismo tornou-se enlatado...
Sequestraram todas nuvens que haviam
Para delas fazer meias feias da moda
Vamos obedecer a receita do programa
Vou acreditar em mentiras mais lógicas
E vamos nos transformar em mentirosos...
Palavras proibidas temos aos montes
Falar de nossas dores agora é censurado
Viramos os clowns de um circo vazio
Onde desejamos palmas mais irônicas
Até que a morte consuma qualquer um...
A máquina veio com defeito de fábrica
A água veio com muita sede no copo
A fome queria apenas comer a si mesma
E todas as necessidades vitais aumentadas
Porque agora a simplicidade não existe...
Quebraram o papel em mil pedaços
E nem perceberam o fogo lá na floresta...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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