Eu sou meu próprio arremedo. Quem provará ao contrário? Eu ando no meio das nuvens. Até quando será isso? As gotas da chuva são as lágrimas. Todas elas são salgadas? Já me contaram que existem algumas lágrimas doces. Serão as de amor? Não sei e quase não me importo. Haverá tantas combinações de opostos? Para cada dia basta o seu tal. Estarei aqui mesmo não estando? Todo carnaval é quase que eterno. Alguém me viu por aí?...
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As lápides têm pressa - de contar o máximo com o mínimo pois até o silêncio pode ser pouco. As lápides carecem de riso - uma certa solenidade pode ser exigida vez em quando. As lápides estão onde estão - a solidão coletiva que foi antes e agora será eternamente. As lápides possuem olhos - ao contrário do que se pensa e este é o nosso ledo engano. As lápides contam detalhes - elas não têm culpa se nós somos os distraídos. As lápides são detalhistas - um simples número poderá ser um enigma indecifrável. As lápides têm pressa...
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Se não era simples, não era sábio. Minha mãe foi a maior das mestras que já pude ter um dia. Até as bobagens que não eram e que me contou servem até hoje como grandes lições. Compartilhamos mais coisas do que a Biblioteca do Vaticano. Descobrimos milhares de terras sem sair do lugar. Alegrias sem medida com tão pouca coisa. Aventuras dadas com um simples passo. Até a dor podia ser tornar algo, pelo menos, interessante. Se não era simples, não estava valendo.
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Que ela me mate de quantos beijos puder me dar. Que me faça carícias até gastar minha pele. Me faça perguntas até que eu não saiba nem mais quem sou eu. Que comemore tantos carnavais forem os dias do ano e até mais alguns que ela mesmo inventou. Que aponte o dedo para o céu e me mostre mais que uma lua. E que me acorde no meio da noite sem motivo algum e para não dizer ou fazer nada. Me force a lembrar coisas que eu nem sabia mais que existiam. E me mostre as unhas como uma gata que enlouqueceu. Que ela seja sempre assim...
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Não haviam mais chuvas, só velhos filmes. E batalhas intermináveis de línguas com olhos eventualmente fechados. Todas as cores em uma só para puro deleite de eventuais expectadores. Apenas alguns momentos nos bastam. E uma simetria quase óbvia com alguma pitada a mais ou a menos. Todo amanhecer acaba tendo pressa, é um ginete enlouquecido que conseguiu fugir da tela. Eu era infeliz e não sabia. Todo modismo teve seu motivo caído do bolso, nem percebeu. Vamos comemorar vários gritos que nos sucederam e não mais...
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Estavam e não estavam. Somos todos humanos e antes da hora da poesia, a beleza acabou indo embora. Queriam e não queriam. Pensamos que a nossa vontade é soberana, eis o esquema que fazem para o rebanho pular no abismo por conta própria. Faziam e não faziam. Todo perdão só será dado de si para si mesmo, até quando nos matamos, acaba o réu sendo absolvido. Coloriam e não coloriam. Os olhos são artífices e neles estão as grandes obras-primas, mesmo quando desconhecidas ou ignoradas pelas próprios autores. Voavam e não voavam. O espaço nos anestesia, conta mentiras recheadas de bravatas, mas como tem medo da imaginação que o derruba. Estava e não estavam. Tanto aqui como lá...
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O cigarro vai se apagar e a fogueira também. Há muitas estrelas mortas que seu brilho ainda será novidade hora dessas. A rotina foi quebrada e o velho espelho de igual forma. O carro entrou na contramão assim como toda a História também. As palavras se confundem e os sonhos de igual jeito até se calarem. O belo e o feio dão as mãos e passeiam de forma tranquila e despreocupada. A felicidade e o convidado chegaram atrasados para a comemoração. O desejo e o nojo fizeram um acordo secreto de nunca se separarem. Nada é mais parecido com o fim do que o começo...
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