Água parada...
Bem-te-vis aposentados...
Uma genialidade vã
Para um futuro que abomino...
O passado me deixou
E o presente me devora...
Queimarei esse tarot...
A minha tara é inocente...
E as lantejoulas mentem...
Uma porta e duas janelas...
Chorar não é o suficiente...
Meu anjo está desmaiado...
Soltaram minha fera...
E sopraram todos os pós...
A medalha não tem reverso...
As cobras querem cerveja
Mas o veludo está em falta...
Meu motivo é nenhum deles
E está caprichado na teima...
Dores mudas e agudas
Para os pacientes crônicos...
A fita nos cabelos desbotou
E a rosa caiu no chão...
Pedras em suave desconsolo
Com uma calma exasperante...
Sem rimas nada feito...
Sem palmas que acabe a peça...
Rasgada minha fantasia...
Tão linda e tão vulgar...
Lagartas dançando quadrilha
E besouros fazendo decretos...
As borboletas enlouqueceram...
Nossa tristeza é homeopática...
Água parada apodrecendo...
Colibris tão malvados...
(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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