terça-feira, 12 de março de 2024

Dos Jardins Mortos

 

Água parada...

Bem-te-vis aposentados...

Uma genialidade vã

Para um futuro que abomino...

O passado me deixou

E o presente me devora...

Queimarei esse tarot...

A minha tara é inocente...

E as lantejoulas mentem...

Uma porta e duas janelas...

Chorar não é o suficiente...

Meu anjo está desmaiado...

Soltaram minha fera...

E sopraram todos os pós...

A medalha não tem reverso...

As cobras querem cerveja

Mas o veludo está em falta...

Meu motivo é nenhum deles

E está caprichado na teima...

Dores mudas e agudas

Para os pacientes crônicos...

A fita nos cabelos desbotou

E a rosa caiu no chão...

Pedras em suave desconsolo

Com uma calma exasperante...

Sem rimas nada feito...

Sem palmas que acabe a peça...

Rasgada minha fantasia...

Tão linda e tão vulgar...

Lagartas dançando quadrilha

E besouros fazendo decretos...

As borboletas enlouqueceram...

Nossa tristeza é homeopática...

Água parada apodrecendo...

Colibris tão malvados...


(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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