Um anjo sem sexo definido
(Desde de a queda de Constantinopla)
Um anjo safado
Quase perdendo seu lugar no céu...
Debochado, encrenqueiro,
Com todos os adjetivos que não se quer...
Daqueles bem vulgares,
Anjo de figurinha,
Daqueles que capricham no almoço
E chegam bêbados para o jantar...
Anjo de família,
Mas que esconde o flagrante no bolso...
Que tem medo do amanhã
E se esquece da eternidade...
Que ama e nem sabe amar,
Que transa e esquece de gozar...
Um anjo com olhos desiguais,
Seios desiguais,
Vida mesquinha desde que veio de lá...
Um anjo que beijou a boca dos meninos
E também beijou a boca das meninas...
Com contas à pagar,
Dormindo além da conta
Em nuvens que não existem mais...
Que curte pagode e funk,
Mas está mais pra um heavy metal...
Que não conhece meus olhos de tocaia
Perdidos no meio da mais total escuridão...
Anjo de bem e de mal,
De rimas quase insuficientes,
Que fica bem com vestido de luto...
Um anjo sem sexo definido,
Que tem o bem querer desse demônio aqui...
(Extraído o livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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