Quase come a língua,
Olha para a câmera
Feito um demônio inocente,
Não sabe o tempo exato
(Segundos? Minutos?)
Mas o gozo será o ápice
E também a aniquilação.
Tirou a roupa,
Ficou com a outra,
A pele é uma simples moda
Como outra qualquer...
Entrou na rede,
Está na nuvem,
Numa nuvem sem céu
Em que estrelas desconhecidas
Mostram que o nome
Não significa nada.
Trilha sonora,
Um som mais mudo,
O desconhecido se conhece
Para milhares de olhos
Que se alimentam
De um simples anonimato.
Palmas que não escuta,
Palavras que não ofendem,
Moedas de uma pobreza
Que dá mil gritos
E que dá mil saltos.
O teu escravo é teu senhor,
O invasor acabou
Entrando pela porta aberta.
A porta aberta,
A janela aberta,
A morte inexistente.
Não importa tua cor,
Teu gênero não importa,
Toda dor não é parecida,
Toda dor é igual.
A dor que finge
Ou é verdadeira,
A dor que ri
Ou chora também fingindo.
Era tudo,
Não era nada,
Humano talvez pela forma.
Um tecla apertada,
Um dedo na tela
E estará acabado.
Morde os lábios,
Quase come a língua,
Será um,
Será dois,
Será quantos forem,
Obedecendo e mandando,
Nada mais rápido,
Nada mais nulo,
Abominação e não,
Bata o martelo,
Profira a sentença,
A multidão é um esconderijo,
O orgasmo foi apenas
Anterior ao próximo...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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