domingo, 10 de setembro de 2023

Entre Sorvetes e Bombas

No Apocalipse que já aconteceu e não vimos - respiro.

Respiro com a sofreguidão que meus olhos acabam fazendo sem querer até quando der. Ó filhos de uma tecnologia insana, tremei! O solo sob seus pés agora some enquanto suas mãos agarram sofregamente o único deus que conhecestes nestes últimos dias. Ó seres apáticos, que fazeis homens de cães de rua sem noção da tristeza que isso causa. Não há mais necessidade que os ditadores mandem ordens para matar os inocentes, todos nós nos matamos neste exato momento sem nenhuma porta de saída...

Num silêncio que é o mais impaciente de todos - aguardo.

Aguardo a morte que diz que virá, mas já veio há muitos e muitos dias. Ó filhos da mediocridade geral, entrai na fila! Os soldados do pelotão de fuzilamento estão cansados e precisam descansar. Ò donos do nada absoluto, a grande chance já está de antemão perdida desde que o relógio se quebrou, mas ainda funciona e não vai parar em hipótese alguma. O zelo excessivo ou o desmazelo constante dará o mesmo resultado na equação da vida. Esqueceram de colocar freezers nos túmulos...

Como todo maldito que se preze disfarço - meu sorriso.

Meus sorriso metade tristeza, metade cinismo como aquele que aprendeu aos poucos que olhar e ver são distintos atos. Ó capitalistas insanos, corram enquanto há oportunidade! A grana e a vantagem não acompanham cortejos fúnebres e os mortos não escolhem suas roupas. Ó novos viciados de um ócio destrutivo, nada há mais para se fazer em breves dias! Todas as noites serão iguais a todas as noites e os dias virão destruir sonhos inúteis. O caderno foi rasgado para não se fazer mais a lição de casa...

Nas redes sociais acabaram ficando - nossos trapos.

Nossos trapos numa guerra invisível que acontece agora, nesse exato momento. Ó profetas modernos, que estão na velha modernidade que coberta de poeira se esconde! Os mesmos velhos erros acabam sendo repetidos. Ò humanos com capas de toalha, não temos asas para poder voar e nossa queda é iminente. Entre sorvetes e bombas os meninos ainda passeiam tranquilamente...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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