Nada,
Zero,
Porra nenhuma,
Caralho nenhum,
Sem andar,
Sem beber,
Sem comer,
Sem gozar,
Muito mal respirando,
Vendo merda,
Escutando merda,
Falando merda,
Aturando merda,
Eu não sou buceta nenhuma,
A vizinha do lado também
E nem a filha putinha dela,
A porra da outra vizinha,
Que varre a frente de casa
E joga o lixo no quintal baldio,
A velha condenada
Que mija no portão dos outros,
O desgraçado
Que tem um brechó
Na outra rua
E rouba os outros,
Os infelizes
Que vendem tralhas
Por estarem fodidos,
Esse bairro fodido,
Neste estado mais fodido ainda,
Nesse mundão-mundinho,
Terra de esqueletos vivos,
Terra de vivos apodrecidos,
Mãe de família puta,
Pai de família que deu o cu,
Todos viciados
De uma coisa ou outra,
Filhos bastardos
Mesmos se registrados,
Nenhum dinheiro,
Todo dinheiro,
Religião de tarados,
Filosofia babaca,
Política de merda,
Jantar de lobos,
Pasto de feras,
Empregado filho-da-puta,
Patrão filho-da-puta,
Tornozeleira com orgulho,
Crime na moda,
Inversão de valores,
Quem chora
Não mama,
Só fode
E não ama,
Falta de educação esmerada,
Arroto bonito,
Peido caprichado,
Coçar a virilha,
Coçar o cu,
A fina arte de fazer
Bolinhas de meleca
E seus piparotes,
Escrever mal,
Declamar pior ainda,
Repetir a mesma bosta,
Se achar um pica grossa
E ser porra nenhuma,
Só porque tem celular
E botou crédito nele,
O mesmo crédito
Que assiste o pornô,
Que toca uma no banheiro,
Pé de galinha no almoço,
Sambiquira na janta,
A sambiquira samba,
No prato do fodido,
Nada,
Zero,
Todo otimismo é hipócrita,
Toda ilusão
É uma foda mal dada,
O ar frio manda na porra toda...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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