sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Stonks

Velhos remédios

Para novas feridas

O apito da fábrica 

É apenas um réquiem

O poeta pega sua flauta

Feita de humanos ossos

E toca em seu passeio

Por essa viva necrópole

Dicionários carnavalescos

Me exibem gentis

As novas bundas

Como quem não pode

Escolher um doce

Pois não possui moeda

Vamos pular na arena

E puxar a juba dos leões

Entrar nas fogueiras

E rir das Inquisições

No abismo colheremos

Flores-de-maios azuis

Sem cabelo nenhum

Para então enfeitar

O pobre coitado

Esqueceu de fechar 

A sua triste braguilha

Mas não havia sexo lá

O fantasma esqueceu

Suas correntes no além

E seu cartão de crédito

Falsos profetas

Exibem a bondade inexistente

Enquanto pedem cabeças

Para o afiado machado

Nas mãos do carrasco

O poeta corre léguas

Com suas fracas asas

Chorando em desespero

Pelos bitcoins que perdeu

O plano já está feito

A sujeira sob o tapete

O morto no armário

A bomba bem embrulhada

O rosto virado

Para o outro lado...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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