Velhos remédios
Para novas feridas
O apito da fábrica
É apenas um réquiem
O poeta pega sua flauta
Feita de humanos ossos
E toca em seu passeio
Por essa viva necrópole
Dicionários carnavalescos
Me exibem gentis
As novas bundas
Como quem não pode
Escolher um doce
Pois não possui moeda
Vamos pular na arena
E puxar a juba dos leões
Entrar nas fogueiras
E rir das Inquisições
No abismo colheremos
Flores-de-maios azuis
Sem cabelo nenhum
Para então enfeitar
O pobre coitado
Esqueceu de fechar
A sua triste braguilha
Mas não havia sexo lá
O fantasma esqueceu
Suas correntes no além
E seu cartão de crédito
Falsos profetas
Exibem a bondade inexistente
Enquanto pedem cabeças
Para o afiado machado
Nas mãos do carrasco
O poeta corre léguas
Com suas fracas asas
Chorando em desespero
Pelos bitcoins que perdeu
O plano já está feito
A sujeira sob o tapete
O morto no armário
A bomba bem embrulhada
O rosto virado
Para o outro lado...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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