segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O Rei do Nada

 

Pura insistência (inútil)

De derrubar paredes com cabeçadas

De quebrar pedras com socos

De gastar água com choro...


Palavras ditas ao vento

Palavras ditas para o vento

(Esqueceu que o vento é surdo...)

Como frases em muros ou banheiros...


Otimismo barato vendido à prestações

Mãos estendidas por alguns likes

(O mesmo dedo na tecla ou na tela

É o que aponta e também condena...)


Ele colocou uma coroa de plástico

Seu cetro é um cabo de vassoura

Sua capa a velha toalha de banho

Só falta agora poder também voar...


Decretou a praça o espaço de todos

Onde meninos e pássaros habitam

E colhem pequenas flores sem nome

Para um eterno carnaval ou ciranda...


Ele fez careta e deu língua pra morte

Caiu na gargalhada pelos tolos

Fez as bombas congelarem no caminho

Como quem para a cena no meio...


Bebeu o último gole de refri da pet

Num brinde ao que mais interessa

(À vida, essa bonita tão malvada)

Esperando suas novas asas crescerem...


Pura insistência (inútil)

Querer levar o que não se leva

Esquecer o que se tem de melhor

E não ser rei do que mais existe - o nada...


(Extraído do livro "Ele É O Pássaro" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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