Pura insistência (inútil)
De derrubar paredes com cabeçadas
De quebrar pedras com socos
De gastar água com choro...
Palavras ditas ao vento
Palavras ditas para o vento
(Esqueceu que o vento é surdo...)
Como frases em muros ou banheiros...
Otimismo barato vendido à prestações
Mãos estendidas por alguns likes
(O mesmo dedo na tecla ou na tela
É o que aponta e também condena...)
Ele colocou uma coroa de plástico
Seu cetro é um cabo de vassoura
Sua capa a velha toalha de banho
Só falta agora poder também voar...
Decretou a praça o espaço de todos
Onde meninos e pássaros habitam
E colhem pequenas flores sem nome
Para um eterno carnaval ou ciranda...
Ele fez careta e deu língua pra morte
Caiu na gargalhada pelos tolos
Fez as bombas congelarem no caminho
Como quem para a cena no meio...
Bebeu o último gole de refri da pet
Num brinde ao que mais interessa
(À vida, essa bonita tão malvada)
Esperando suas novas asas crescerem...
Pura insistência (inútil)
Querer levar o que não se leva
Esquecer o que se tem de melhor
E não ser rei do que mais existe - o nada...
(Extraído do livro "Ele É O Pássaro" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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