Não sou um homem desse tempo
(Sou de todos onde o coração passa...)
Lamento por todas as mediocridades
Que poderiam ter sido bem menores
(Tantos desejos que foram abortados...)
Na sala de espera folheio velhas revistas
Enquanto sonhos agarram a realidade
Com a força de duas meninas que brigam
(Os outros alunos gritam e riem...)
Estarei eu quase me acordando?
Meus pecados poderão ser pagos no boleto?
Disfarço e piso na nota que alguém perdeu?
(Toda comemoração acabará se cansando? ...)
Todos os meus heróis estão sepultados
(Inclusive os que ainda continuam vivos...)
Num mar que nunca teve água alguma
Duelei com um dragão que nunca existiu
(Não sei se sou um pesadelo de um sonho...)
Todos os dias são semelhantes neste tédio
Que derruba minha fantasia quase esgotada
Pois a tábua agora mais afunda o náufrago
(Cada um de nós é apenas uma folha morta...)
Não sou um homem desse tempo
(Sou de todos os gestos agora paralisados...)
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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