A fé é apenas o pau da barca
Todos os meridianos são iguais
Colares de plástico verde inigualável
E sorrisos quebrados por quedas
Eu morro ainda por qualquer coisa
Desde que não seja na hora exata
Estar onde estou é um novo enigma
E os frios são maiores que os calores
Alegria de palhaço é ser testemunha
Do circo se afogando em nuvens
A maior de todas as nossas invenções
Foi sem dúvida a bolinha de gude
Todos os caixões são aumentativos
Meias e cântaros de louça são geniais
Cuidado com a laje que o santo é de pedra
Tenho gripe dia sim e outro também
Sonho com os mortos todos os dias
Andar não é mais para mim nunca mais
Eu sigo todas as modas que acabaram
Acorde quem esteja dormindo e pronto
A boca está amarga e o coração azedo
Bato palmas até minhas mãos doerem
Tenho tantos versos que já esqueci alguns
O estar me ajuda não me engolindo
Mas onde me castiga com labirintos
O meu cochilo é em redes sociais
O cansaço atinge as velas e elas apagam
Acho que eu mesmo sou o meu cansaço...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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