A lápide caída
O epitáfio apagado
O falso sorriso do modelo
Perante a câmera fotográfica
E todos artifícios
Para tentativas inúteis
Poderem dar certo
Toda lógica morre
Por uma procura insana
Todos reclamam
Pelas palmas invisíveis
De um público sem adjetivos
O alvo errado
O tiro inexistente
O novo é apenas o velho
Que ainda não chegou lá
Toda matéria espera
Enquanto a alma se aflige
Com o que não tem
Farsa grande farsa
Mil vezes somente farsa
Achar que os sonhos
Nunca nos ferem
Morte grande morte
Mil vezes somente morte
A vida sem nos ferirmos
Porque ferimos
Se pudesse escolher
Algum outro destino
Viraria um poema
Palavras não sentem dor
Apenas fazem doer
Palavras não se machucam
Apenas machucam
Ou também curam
Nunca morrem nunca
Mas ressuscitam sempre
De qualquer uma boca
Ou apenas flutuam
Em quaisquer ares por aí
O rio correndo
A água caindo
Numa suavidade rude
De quem não para
Um brinde para todos
Qualquer riso serve
Não há nenhum porém
Na lápide caída
No epitáfio apagado...
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