Eu mesmo aponto o dedo
Não é mais necessário
Que o cursor aponte a seta para mim
Em direção ao meu peito
Para poder me matar
Meus erros são meus mesmos
Eu os trato com grande carinho
Porque foram bons professores
Meu choro não foi uma mentira
Apenas mais inevitável
Foi ter que me sentir humano
Nem pior e nem melhor
Apenas mais um entre muitos
Talvez futura lápide
Que fale somente o essencial
Quase um cachorro vadio
Continuo faminto mas há sintomas
De uma já moribunda alegria
Tudo passa nestes tempos
Até alguns substantivos inevitáveis
Quantos dedos não importam
É só pura questão de ter vontade
Toda tolice acaba desaparecendo
E a piada dos maus perde a graça
Ainda não esfriou o suficiente
Mas mesmo assim eu me abrigo
Sob a espessa coberta indeterminada
Das minhas próprias ilusões
Imagino o óbvio que grita de dor
Não cheguem muito perto
Até a dor pode ser contagiosa
Eu ainda continuo sendo carregado
No mesmo ventre de sempre
Dentro da mesma escuridão e água
Viver não é castigo nem é dádiva
É apenas uma circunstância
Que pode chamar atenção ou não
Eu sou a minha assombração
E sempre capricho no arrastar
De minhas eternas correntes
Não há mais insetos para lâmpadas
Me cubro de farrapos evidentes
Sejam eles de que classe for
Não diga que eu não presto
Disso tenho a mais absoluta certeza
Já vi isso em muitos muros
E até em paredes de banheiros
Seria até bom se batessem palmas
Quando esta farsa terminasse...
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