quarta-feira, 3 de março de 2021

Muita Gente, Quase Ninguém...

Muita gente, quase ninguém; muita gente ouve, quase ninguém vê; muita gente sabe, quase ninguém compreende...

Toda matéria, quase imaterial; todo crime, quase normal; toda intimidade, quase geral; toda boca, quase um jornal; todo começo, quase um final...

Muita gente, quase ninguém; muita gente quer comer, quase ninguém come; muita gente espera, quase ninguém alcança...

Todo sábio, quase um idiota; todo grito, quase ninguém nota; toda luta, quase uma derrota; todo pedaço, quase uma cota; todo mundo tira, quase ninguém bota...

Muita gente, quase ninguém; muita gente trabalha, quase ninguém ganha; muita gente adoece, quase ninguém cura...

Todo amor, quase um engano; todo canalha, quase humano; todo comportamento, quase insano; todo sentimento, quase um plano; todo acidente, quase urbano...

Muita gente, quase ninguém; muita gente discute, quase ninguém se entende;  muita gente sobrevive, quase ninguém vive...

Todo espaço, quase um sufoco; todo médico, quase um louco; todo castigo, quase um troco; toda parede, quase sem reboco; todo muito, quase bem pouco...

Muita gente, quase ninguém; muita gente é gente, quase ninguém faz como tal; muita gente pensa que vence, quase ninguém é premiado; muita gente quer ser feliz, quase ninguém percebe a felicidade...

Muita gente, quase ninguém...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...