quarta-feira, 24 de março de 2021

Impossible

 

Eu ainda posso escutar "Roam" do b - 52s

enquanto bebo o café frio do que sobrou

destas minhas sombrias manhãs de muito sol...

Coloco todas as reticências possíveis

como quem anseia por mais um cigarro...

Sim e não e talvez tudo ao mesmo tempo...

Um soco na cara da velha gramática

e um adeus sem gestos e ir por aí...

Esqueci minhas asas num banco de jardim

e agora talvez seja tarde demais...

A sorte nunca foi lançada por não existir...

Faço um looping de sons como quem delira...

O que eu tenho? 

Talvez alguma maldição que me satisfaça

aos poucos como quem agoniza...

Não esperava nenhum começo

e certamente nunca saberei como foi o fim...

Muitos são os lances 

como num jogo de xadrez ou pular amarelinha...

O meu carrasco ri de forma contínua

mas mesmo assim não me fará mais chorar...

Alguns sonhos são apenas flashs

de um lapso da memória fraquejando...

Apenas algumas pérolas e ventos

alguns poucos e outros até demais...

Queria que aqueles teus olhos

me olhassem na escuridão do quarto

e palavras comum possuíssem outro sentido...

O risco não é quase nada

pois amanheço louco todas as manhãs

querendo quebrar todos os vidros

e uivei para a lua que já passou...

"Legal Tender" também lembra outras eras

em que desconhecer certo ou errado

era a lei mais comum de todas...

Meus óculos agora possuem armações

que estão meio tortas

e vejo uma partida breve ou não...

Gostaria de beijar a tua boca

mesmo que fosse o maior de todos os erros...


(Extraído do livro "Insano de autoria de Carlinhos de Almeida).

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