terça-feira, 23 de março de 2021

Eu Tô É Bom

Bom até demais. Bebendo um pouco do sol que sobrou de ontem, esquecendo de algumas mazelas? Dessas que fazem todo bicho humano se esgoelar até chamar a atenção. Prestem atenção nas palavras, não troquem os ii pelos aa, nem meu senhor, nem minha senhora. 

Nada é mais constante do que a constância, fora qualquer um desses, poucos mais de antes. Nem me importo com as cinzas que dão, borralho aposentado desde que eu não me entendo mais por gente. Cada um no seu cada outro, a curiosidade salvou o gato.

Rapé, né, Beto? Pena que você cantou pra descer antes da gente tomar mais um, um mel ou aquela da promoção e quase tanto colesterol que matava qualquer pagão. Ninguém toma mais conta das mudas e eu omiti certas tristezas que ela nem merecia.

Estamos aí mesmo, é só me procurar em qualquer canto desse mundo de meu Cão. Toda história acaba tendo sua história, puxa a linha do casaco e acaba nu em ou sem pelo algum. Sem pelo e sem apelo. Pode rir até cair murcho como fruta que madurou demais. Tudo é um exagero, exageradamente exagerado, Cazuza nem me alcança.

Todo normal se transforma quando se bate palma, aí faltam até cabeças de cangaceiro para exibição em porta de igreja. Nove vezes fora, nove. Não me roube mais no troco que a vida já fez demais isso. Meu ano caiu no chão em várias milagres que a ciência dispensa. Eu sou um caso á pensar. É muito disse-me-disse para uma vulgaridade travestida.

Eu estou malacostumado e não carrego malas desde muito. Talvez eu estivesse na caravela e nem me notaram. Ri primeiro e isso é comparável à uma tragédia grega com alguns requintes baianos que nem Jorge fazia ideia. Já fui muita gente, menos o que eu fui. Algumas vezes sobram nomes, em outras nem isso. Vamos errar na gramática de propósito.

O morto se levantou e foi beber uma no boteco da frente do cemitério. Pediu solene como um paxá: - Me bota aí uma das que me matou e uma gelada! E bote na conta do Perceu, se ele não pagar, nem eu... E dali em diante os livros entraram em duvida se contavam mais algum coisa, era um história bem longa.

Só unhas, barba e rugas crescem com a regularidade da fome e isso pode ser escrito e comprovado. Falta nada, há latas suficientes pro nosso baticum. Eu não sou Bandeira, mas também tive um morro do Sabão.  Tenho até mais que isso! Velhas fantasias que esbanjavam até algum brilho.

Faces ruborizadas de um passarinho não-identificado em algum lugar algum. Alguns meninos correram numa carreira só com asas, anjos quem sabe. Nenhum telhado é suficiente para tanta curiosidade, nem há estilingues suficientes para tantos tiros assim.

Não tenho medo das redes, tenho é medo dos tombos, de um silêncio bem comportado de algumas ideias que se entrelaçam até não poder mais e acabam em águas meio que escuras e paradas. Ainda há belezas não-identificadas em cada pedaço de estrada, mesmo com tocaias de qualquer tamanho que se faça.

Eu fiz até alguns versos, mas me perdi entre eles como num labirinto e até acabei gostando e fiz deles uma morada insólita e inovadora. Não mais sairei da solitude de ideias que não podem ser atacadas e, por isso mesmo, muito menos destruídas por qualquer vento, por mais forte que ele seja ou não.

Faça chuva ou não faça sol, é a mesma coisa e não podemos escapulir do que exatamente há, isso não tem dúvida algum e não adianta recorrer disso. Há grandes mentiras que se escondem por detrás de pequenas verdades e isso passa desapercebido de todos nós, os grandes asnos.

Hoje eu tô é bom, me traga logo uma cana...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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