Só preciso sonhar
O encanto de tudo cessou...
O fundo musical alegre acabou
E o silêncio pode ser uma resposta...
Lamento muito por essa cidade
Onde em latas de lixo e seus restos
São campos de batalhas
De muitos meninos pobres...
Ainda quero respirar
Pois a morte ainda não me fez
A sua infalível visita...
Eu não irei apressar nada
Pois a ante sala da morte é a vida...
Eu me escondo nessa velha casa
Onde a maior ruína
Ainda é a própria solidão...
Tenho mais dó dentro de mim
Pelos milhares que morrem agora
Do que da minha própria pobreza...
Eu não tive tantas histórias bonitas
Para serem guardadas e contadas
Mas outros podem ter tido e perderam...
Não vou para cais nenhum
Tenho a mais absoluta certeza
Que nenhum barco me espera
E mesmo que fizesse a inesperada viagem
Não haveria noutro cais em outro país
Ninguém à minha espera...
Eu passaria desapercebido
Como acontece por aqui também...
Os violões arrebentaram suas cordas
E os tambores agora cessaram...
Os contadores de histórias antigas
Desconhecem qualquer feito meu...
Eu sou apenas mais um saltimbanco
De alguma trupe que se acabou
Ou um trapezista que errou o pulo
E acabou adentrando no abismo...
Só preciso sonhar
O encanto de tudo cessou...
Sou apenas estrangeiro daqui mesmo...
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