sexta-feira, 5 de março de 2021

Mendicância Quase Poética

Não me importa, não mais me importa. Que todas águas caiam dos céus eu meu telhado de mil goteiras. Não importa se os passarinhos reclamem de mim, calando o bico e fazendo cara feia. Já tomei o último trago da noite e vou cambaleando por aí...

É bom até que eu use máscara, será a forma oficial de usar algo que sempre usei. Não sou mais obrigado a dar sorrisos falsos, nem para os desgraçados e nem para as mariposas que enfeitam feiamente as noites que sujei de mim mesmo...

 Não me encontro, me perdi, não me acho e nem eu o quero. Já está bom demais ficar escondido sob folhas mortas, entre cinzas, marrons e amarelos. A vida é um ringue e eu esqueci de colocar as luvas para boxear. Me acertam um direto e se beijo a lona me dá preguiça de até levantar...

Eu não sou bicho, quem me dera, compreender tudo de uma vez ou nada compreender parece a mesma coisa. De repente, eu surto e começo a gritar para todos os que passam. Me escutem, falarei um monte de besteiras ou talvez um pouco mais se assim me permitirem, não me importo se os azuis não são mais azuis...

Fico estático, fico atônito, querendo separar perguntas de respostas, mas a minha métrica não funciona. A filosofia me deu um pé na bunda e não quis mais nenhum papo. Tento ser rude, mas sou apenas tímido em demasia como mais um monte de infelizes que andam por aí...

Tudo não passa de um simples ponto de vista, uma simples sina. Sejam palmas ou sejam vaias o mais importante agora é o barulho. Acordem o morto, tirem o sossego. Fiquei cego e por isso não escuto mais nada. Em cada segundo mais um epitáfio é escrito na lápide, a história de mais um fracasso mesmo que seja maquiado...

Dou um doce para quem descobrir o que não estou pensando agora, nesse inexato momento. Todo sonho se liquefez e escorria pelo cano da pia. Deixa eu abrir a gaiola e voar mais um pouquinho. Prometo que não irei tão longe assim, nem pensei nisso. A varanda me basta com seu gosto de solidão...

Não me importa, não mais me importa, se o mercadinho do bairro tem o Apocalipse na promoção. Se os fantasmas da minha vida decidiram me visitar de uma vez. Se eu sou mau poeta, ou se não sou isso, agora tanto faz. É feito um vômito, se melhora ou piora a cabeça que tonteia agora tanto faz... 

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Poesia Gráfica LXXXVI

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