As balas perdidas não se perdem tanto
Encontram resistências não tão resistentes
E acabam acabando com os sonhos muitos
Pequenos ou não medíocres que sejam
Mas ninguém os poderia julgar
As novas notícias falam de velhas coisas
Do cheiro de pólvora que invade o ar
As novas guerras vestem velhas fantasias
E os homens estudam cada vez mais
Para entenderem pouco coisa ou nada
Há muito usamos apenas uniformes
E cada um com suas tribos e cores
E suas novas pílulas coloridas e venenosas
É tudo que queremos mesmo forçadamente
Passem respeitosamente pelas vitrines
É um suor frio esse que escorre do rosto
O relógio é o inimigo que crava suas presas
Na carne frágil que recebemos de herança
E as novas lendas surgem fora dos livros
Porque não temos mais necessidade de sonhar
Seja igual a tudo que é diferentemente igual
E guarde seus sonhos numa gaveta empoeirada
E assim tipo quem perde sem querer
Esqueça a chave num canto aí qualquer
Porque eles são perigosos demais
Essa tecnologia está velha demais
Essa surpresa já passou da tela
E até as novidades crescem aleijadamente
Com seu abismo aguardando o pulo
Que não fere de forma alguma mas mata
Novos carnavais e velhas fantasias
Novos suingues baianos em acordes eletrônicos
São as receitas mais chiques que podemos fazer
A maratona de andar sem usar as pernas
E não se sufocar às mais duras penas
É o elemento surpresa que já esperamos
Com um cigarro aceso descansando no cinzeiro
Enquanto a fumaça rebelde foge aflita
Para um céu menos azul que não se vê
E que não importa mais do que brancos tetos
Os palhaços não fazem mais rir e sim chorar
Enquanto falam ditos mais chulos para a platéia
Que discutem sua moralidade em roupas sumárias
Porque medidas matemáticas agora importam mais
Do que versos parnasianos mais bem inspirados
Não percam o evento do ano mais casual
Em um segundo se perde todo o valor
E apenas um detalhe acaba com toda a graça
E a imortalidade de um vídeo bem visitado
Morre e morre sempre no seu próprio berço
Não adianta sequer qualquer um aviso
E as palavras são embaralhadas fora do dicionário
Eterna contradição feito um soco direto na cara
E o dedo do meio para filósofos bem intencionados
Que até falavam de coisas mais alegres de vez
Eu tranquei a porta com muito cuidado
E guardei a ternura com todo zelo possível
E estou longe do deboche dos homens comuns
Que andam por todos os lados procurando
Até aquilo que nunca souberam o que é...
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