Foi aquele tempo que guardo em mim agora
Um tempo nem bom nem ruim na verdade
Porque os tempos são assim são o que são
Mas eu me lembro dos velhos corredores
Que ainda silenciosos convivem em minha alma
Era dias de muitas chuvas e muitos sóis
E o que se modificou foi apenas uma ilusão
Manhãs ou tardes de programas preto e branco
Inocências maliciosas de um corpo pequeno
E o empate eterno do bem com o mal
Eu queria muito os teus beijos sim queria
Mas o medo é mais forte que as pedras empilhadas
Eu queria os teus mais ternos afagos sim
Mas lamentar faz parte do nosso grande enigma
Os rios não são os mesmos em um instante sequer
E até as borboletas azuis já mudaram de cor
Toda forma é enganosa por si mesma
E num raio de quilômetros não há nenhuma novidade
Faz parte desse grande desfile chorar sempre
E lamentar aquilo que mesmo assim deveria ser
O bem e o mal pulam amarelinha no pátio
Enquanto ainda é a hora do recreio
E comemos nosso mirabel e contamos segredos
Porque afinal segredos foram feitos para contar
Biscoito com goiabada também meu senhor
E o resto é apenas um grande enigma das estrelas
E a imagem está indo ainda em seu caminho
Para ser vista inumeráveis vezes
E causar espanto como qualquer outra coisa
Nada morre mesmo que tudo passe
Nada passa mesmo que tudo se transforme
E as folhas queimadas numa fogueira
Ainda estão vivas na árvore que caiu
Eu ainda sinto saudades daquele dia
Mesmo me esquecendo de qual foi na verdade
Deixem pra lá essa sua culpa
E durmam à vontade seu justo sono
E vejam quantas séries de televisão desejarem
Há muitas liquidações por aí pela vida
Cada um que construa seus próprios pecados
E cada um que durma com seus fantasmas
Foi aquele tempo que guardo em mim agora...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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